MEMORIAS DE UM NEGRO
215

Emquanto falavamos, um cidadão de Atlanta, democrata e antigo senhor de escravos, entrou na sala, e como o presidente o interrogasse a respeito da viagem a Tuskegee, respondeu sem hesitar que ella era conveniente. Essa opinião foi corroborada pela do dr. J. L. M. Curry, grande amigo da raça negra.

O sr. Mac Kinley prometteu que visitaria a nossa escola a 16 de Dezembro.

Desde que tiveram conhecimento da promessa, os brancos de Tuskegee mexeram-se tanto como os negros. Fizeram-se os preparativos, embandeiraram-se as ruas, formaram-se comités que funccionaram junto á administração da escola para que o illustre hospede tivesse uma recepção condigna. Eu ainda não havia reparado na importancia que o instituto adquirira aos olhos dos brancos de Tuskegee e vizinhança. Emquanto arranjavamos os festejos, dezenas e dezenas de pessoas vieram ver-me, affirmando que não desejavem tomar a dianteira, mas que teriam prazer em ajudar-me. Nesses dias causou-me forte impressão, quasi tão grande como a visita do presidente, o orgulho que o instituto parecia inspirar a todas as classes do Alabama.

Na manhã de 16 de Dezembro a cidadezinha de Tuskegee regorgitou. Com o presidente vieram a sra. Mac Kinley e os membros do gabinete, com

15