MEMORIAS DE UM NEGRO
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E’ o que faço a respeito do odioso costume do lynchamento. Quando a convenção constitucional da Luisiana se reuniu, mandei-lhe uma carta pleiteando justiça para a minha raça. Nunca me faltou, Deus louvado, o apoio dos jornaes do Sul e de outras partes do paiz.

Não obstante certas demonstrações transitorias e superficiaes, que poderiam induzir-nos em erro, nunca a situação da raça negra me pareceu mais estavel que hoje. A grande lei humana que afinal reconhece e recompensa o merito é universal e eterna. O mundo ignora os esforços desesperados que os brancos do Sul e os seus antigos escravos fazem para desembaraçar-se de preconceitos. E nessa lucta medonha as duas raças merecem sympathia e indulgencia.


Escrevo as ultimas palavras destas memorias na cidade de Richmond, onde ha trinta e cinco annos dormi numa calçada. Agora estou em Richmond como hospede do povo negro. Fiz hontem á noite, perante as duas raças, um discurso no salão da Academia de musica, o mais vasto e o mais bello da cidade. Nunca um homem de côr tinha tido permissão para servir-se dessa sala.

Na vespera da minha chegada o conselho municipal decidiu ir escutar-me. A camara e o senado