que fui um destes dias chamado a palácio...
— Ui! exclamou a comadre.
— Aí está o resultado, disse D. Maria; mas não se pagam na outra vida, é mesmo nesta.
— Resultado de quê? perguntou José Manuel surpreendido.
— De nada; continue.
José Manuel enfiou então tomando por tema aquelas primeiras palavras que lhe tinham vindo à boca, uma mentira muito sensabor, que nós poupamos aos leitores. Não foram porém satisfeitas as vistas da comadre, que queria desviar a conversa do furto da moça.
Terminada a história, José Manuel começou a instar com D. Maria para que lhe desse explicação das palavras duvidosas que há pouco havia dito a seu respeito. A comadre, assim que viu o negócio neste pé, foi tratando de retirar-se, depois de trocar com D. Maria um olhar que queria dizer:-não me comprometa.
D. Maria a princípio quis sustentar o segredo; afinal não se pôde conter, e soltou contra José Manuel uma grande alicantina, dizendo que toda a cidade estava cheia do horroroso escândalo que ele acabava de cometer roubando uma filha-família.
O homem foi às nuvens, e jurou e tresjurou que estava inocente em tudo aquilo. Nada porém lhe valeu.
D. Maria foi inflexível.
Protestou de novo que se ela fosse parenta da moça o Sr. José Manuel se havia de ver em calças pardas com o negócio; e terminou por dar-lhe a