traduzir, compreendendo tudo, esgotei em mim mesmo até as lágrimas a impressão do grande romancista inglês – o que fiz depois com George Eliot e Trollope, mas nunca fiz, sinto dizê-lo, com Dickens, nem com sir Walter Scott.

De certo, em minutos pode abrir-se e fechar-se diante dos nossos olhos um espetáculo que não esqueceremos nunca. Percorri em meses a Itália, as grandes capitais antigas somente, sinto também dizê-lo; não fiz sequer a romaria de arte pela Umbria; estive duas horas diante dos quatro monumentos da velha Pisa, que inspiraram a Taine a sua página mais eloqüente: como esquecer, no entanto, essa revelação imorredoura? Keats não disse tudo com o seu verso:

A thing of beauty is a joy for ever?

Não só o que é verdadeiramente belo é “essa alegria”, de que ele fala, “para sempre”, um raio interior que se incorpora à vida para nunca mais se apagar, quaisquer que sejam as tempestades, dela, como também uma só thing of beauty, um único fragmento da verdadeira beleza, basta para iluminar a existência humana inteira. Nenhum homem terá compreendido bem duas grandes obras d’arte: a coluna grega e a ogiva gótica, um Miguel Angelo e um Piero della Francesca, nem tampouco duas vistas diferentes de natureza: o oceano e os lagos de montanha; as paisagens da neve e os céus do Oriente. Em