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OS MAIAS

d’arvoredo, as severas faenças da Persia, e a sua original chaminé flanqueada por duas figuras negras de Nubios com olhos rutilantes de crystal. Carlos, que se declarara esfomeado, trinchava já o perú, emquanto Craft, desarrolhava, com veneração, duas garrafas do seu velho Chambertin, para reconfortar Mephistopheles.

Mas Mephistopheles, sombrio e com os olhos avermelhados, repelliu o prato, desviou o copo. Depois, sempre condescendeu em provar o Chambertin.

— ­Pois eu, dizia Craft empunhando o talher, quando vocês chegaram, estava a lêr um artigo interessante sobre a decadencia do protestantismo em Inglaterra...

— ­Que é aquillo, além, n’aquella lata? perguntou Ega, com uma voz moribunda.

Um pâté de foie-gras. Mephistopheles escolheu com tedio uma trufa.

— ­Bem bom, este teu Chambertin, suspirou elle.

— ­Anda come e bebe com franqueza, gritou-lhe Craft. Não te romantises. Tu o que tens é fome. Todas as tuas idéas esta noite se ressentem da debilidade!

Então Ega confessou que devia estar fraco. Com aquella excitação do seu trage de Satanaz nem jantára, contando ceiar bem em casa do outro... Sim, com effeito, tinha appetite! Excellente foie-gras...

E d’ahi a pouco devorava: foram talhadas de perú, uma porção immensa de lingua d’Oxford, duas vezes presunto d’York, todas aquellas boas cousas inglezas que havia sempre em casa do Craft. E elle só bebeu quasi toda uma garrafa de Chambertin.