QUINCAS BORBA
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QUINCAS BORBA

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todos os dias, — alguns duas vezes, de manhã e de tarde; e assim ficavam definidos os comensaes. Não seriam discípulos, mas eram de boa vontade. íoiam fome, á espera, e ouviam calados e risonhos os discursos do amphytrião. Entre os antigos e os novos, houve tal ou qual rivalidade, que os primeiros accentuaram bem, mostrando maior intimidade, dando ordens aos criados, pedindo charutos, indo ao interior, assobiando, etc. Mas o costume os fez supportaveis ( entre si, e todos acabaram na doce e commum confissão das qualidades do dono da casa. Ao cabo dl algum tempo, também os novos lhe deviam dinheiro, ou em espécie, — ou em fiança no alfaiate, ou endosso*de lettras, que elle pagava ás escondidas, para não vexai» os devedores. Quincas Borba andava ao collo de todos. Davam estalinhos, para vel-o saltar, alguns chegavam a beijar-lhe a testa; um delles, mais hábil, achou modo de o ter á mesa, ao jantar ou almoço, sobre as pernas, para lhe dar migalhas de pão. — Ah! isso não! protestou Bubião á primeira vez. — Que tem? retorquiu o comensal. Não ha pessoas extranhas. Bubião reflectiu um instante.