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QUINCAS BORBA

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QUINCAS BORBA

surdo, ouvidos compridos, conjecturas; notavam que de cima não pedissem água, qualquer remédio, um caldo, ao menos. A meza posta, o criado engravatado, o cozinheiro orgulhoso e ancioso... Justamente, um rios melhores jantares! Que era? Theophilo tinha ainda o gesto abatido com que entrou; estava sentado em um canapé, sem collete, olhos fixos. Ao pé delle, sentada também, segurando-lhe uma das mãos, D. Fernanda pedia-lhe que socegasse, qiie não valia a pena. E inclinava-se para ver-lhe o rosto, chamava-o para si, queria que elle encostasse a cabeça ao hombro delia... — Deixa, deixa, murmurava o marido. — Não vale a pena, Theophilo! Pois agora um ministério...? Valerá tanto um cargo de pouco tempo, cheio de desgostos, insultos, trabalhos, para que? Não é melhor a vida tranquilla? Vá que haja injustiça; creio que sim, você tem serviços; mas será tamanha perda assim? Anda, querido, socega; vamos jantar. Theophilo mordia os beiços, puxando uma das soiças. Não ouvira nada do que a mulher dissera, nem exhortações nem consolações. Ouvia as conversas da noite anterior e daquella manhã, as combina-