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QUINCAS BORBA

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QUINCAS BORBA

morrer em baixo de um carro, alli mesmo; esteve por um fio. Se não fosse um homem que passava, um senhor bem vestido, que acudiu depressa, até com perigo de vida, estaria morto e bem morto. Nisto o marido, que vinha pela calçada opposta, atravessou a rua, e interrompeu a conversação. Trazia o senho carregado, mal comprimentou a visinha, e entrou; a mulher foi ter com elle. Que era? O marido contou a surriada. — Passou por aqui, disse ella. — Não conheceste o homem? — Nâo. O marido cruzou os braços e ficou a olhar, fixo, calado. A mulher perguntou-lhe quem era. — É aquelle homem que nos salvou o Deolindo da morte. A mulher teve um calefrio. — Viste bem? perguntou. Perfeitamente. Se eu já o tinha encontrado outras vezes, mas então não estava assim. Coitado! E a molecada berrava atraz delle. Qual! não ha policia nesta"terra. O que lhe doia á mulher não era tanto o mal do homem, nem ainda a surriada; mas a parte que teve nesta o filho,— a mesma creança que o homem