O que consola a dor de amar é ser amado:
Mas ser amado só, sem dúvida ou cansaço;
Poder dormir um sono inteiro no seu braço,
Viver do leite do seu corpo perfumado.

Aquecer-se na luz do seu olhar doirado;
E não ter outro céu, e não ter outro espaço,
Senão o que ela tem, senão esse pedaço
De chão que pisa, ou chão que vem de ser pisado.

Vivi de um sonho, sei; — vivi duma quimera;
Ela não pode amar-me: ela me diz: — Espera:
Porque não quer matar-me, e não, dizer tem medo.

Mas... preciso morrer já de qualquer maneira,
À sombra dela, como a da mancenilheira,
Ou esmagado sob o seu divino dedo...