Não basta o coração, a vida, o sangue dar-te;
Nem o pequeno céu oculto, que desenho:
O meu esforço todo, o meu supremo empenho,
É poder para aí ir eu só, e levar-te.
Que compaixão de mim eu tenho por amar-te:
Por me amares, que dor intensa eu por ti tenho!
Quem colhera num bosque o necessário lenho
Para queimar-me nele, e nele a ti queimar-te!
Toma este amor, entanto, ó bela criatura,
Este pedaço bom de sólida brancura,
Um resto virginal de um sol jamais servido...
Com eles veste, filha, os ombros nus da vida
E os rotos bissos da alma ingênua e combalida,
E ante a estátua da dor ergue a estátua do olvido.