O Zeferino era afilhado do morgado de Barrimau, um major de cavalaria, convencionado em Evora Monte, miguelista intransigente, mas cordato. Vivia no seu escalavrado solar com um irmão egresso beneditino, Frei Gervásio, muito cevado e inerte, que continuava em casa a sua missão monástica. Era um contemplativo. Não lia senão no livro da Natureza. Se não dormia, estrumava o seu vegetalismo com muitos adubos crassos de toucinho e capoeira, com um grande farfalhar de mastigação, porque dispunha de dentadura insuficiente. Tinha outro sinal ruidoso de vida — era um pigarro de catarral crónica, arrancado dos gorgomilos com tamanho estrupido que parecia ao longe o grito rouco de um estrangulado, no 5º acto de um drama de costumes. A velha criada da cozinha, muito flatulenta, nunca pudera afazer-se às explosões daquela garganta escabrosa de mucos empedrados. Quando o grasnido aspérrimo de pavão lhe feria os ouvidos, reboando nos côncavos tectos dos salões, a mulher estremecia e raras vezes deixava de resmungar: — Que medo! credo! diabos leve a esgana do home. Deus me perdoe!
De dois em dois meses apareciam em Barrimau dois egressos de Cabeceiras de Basto, companheiros de noviciado de Frei Gervásio. Juntavam-se os três amigos numa intimidade de palestras saudosas. Com intercadências mudas de poética tristeza, comemoravam os seus conventuais falecidos, rezavam juntos pelos seus breviários beneditinos; depois, a passo cadencioso, claustral, iam para a mesa com o recolhimento prescrito pela Regra do patriarca. Aí, pegava de puxar por eles a natureza objectiva, e dava-lhes horas de salutar esquecimento do passado irreparável. Gorgolejavam copiosamente os vinhos engarrafados, traiçoeiros, da Companhia, em que Frei Gervásio derretia a prestação; porque, de resto, a mesa do mano morgado era farta e a sua bolsa generosa para as moderadas necessidades do egresso.
O major Zeferino Bezerra de Castro não tinha grande casa; mas, como era solteiro e quinquagenário, fazia de conta que os bens lhe haviam de sobejar à vida, vendendo os alodiais e empenhando, se necessário fosse, o morgadio, que era insignificante. Concorria com vinte moedas para as miseráveis 1000 libras que o Sr. D. Miguel recebia anualmente de donativos de monarcas e dos seus partidários portugueses. Festejava dispendiosamente os natalícios do rei, convidando a jantar os realistas notáveis da comarca; e, contando os anos da proscrição, ia calculando a patente que lhe competia quando o soberano legítimo se restaurasse. Correspondia-se com alguns camaradas, esquecidos e atrofiados nas aldeias, o general Póvoas, o Bernardino, o Magessi, o Montalegre, o José Marcelino. Mas as cartas quem lhas redigia era o mano frade, recheando-as de trechos de política de púlpito — resultado das suas digestões morosas, contemplativas — que serviram de ornamento nas colunas do Portugal Velho!, periódico miguelista da época.
Naquele ano, por meado de 1845, espalhara-se no ambiente dos realistas, como um aroma de jardins floridos, o boato de que vinha o Sr. D. Miguel. O seu enorme partido sentia-se palpitar no anseio daqueles vagos anelos que estremeciam as nações pagãs ao avizinhar-se o profetizado aparecimento do Messias. Afirmam-no os Santos Padres, e os padres do Minho asseveravam o mesmo a respeito do príncipe proscrito. Frei Gervásio recebia do alto da província cartas misteriosas de uns padres que paroquiavam na Póvoa de Lanhoso e Vieira. Era ali o foco latente do apostolado. Naqueles estábulos de ignorância supersticiosa é que devia aparecer, pelos modos, o presépio do novo redentor. Citavam-se profecias apocalípticas de frades que estavam inteiros sob as lajes das claustras. Convergiam àquele ponto missionários de aspectos seráficos, olhando para as estrelas como os magos e os pastores da Palestina. O frade mostrava as cartas ao irmão e dizia-lhe:
— Mas muito grande! — corroborava o major com cabeçadas afirmativas muito exageradas.
— A Rússia move-se, é o que é — afirmou Frei Gervásio, correlacionando a iniciativa de Lanhoso com a propaganda autocrática da Rússia.
Num destes diálogos, em que havia desabafos, exuberâncias de júbilo, interveio o Zeferino das Lamelas, o pedreiro afilhado do major. Vinha contar o caso do Simeão de Prazins e a pega que teve com os cães do Dias de Vilalva. Mostrava a calça remendada — que por pouco lhe não entravam no couro os cães — dizia, e protestava vingar-se. O egresso pacificava-o; que deixasse lá a rapariga e mais o estudante; que se fosse preparando para desembainhar a espada de seu pai em defesa do trono e do altar. E o major:
— Estamos chegados a elas, Zeferino.
E o pedreiro, esfregando as mãos coriáceas, que rangiam como duas lixas friccionadas:
— A eles, senhor padrinho! A espada vai-se amolar Vou pedi-la ao velho!
O pai de Zeferino, o Gaspar das Lamelas, tinha sido alferes do 17 de linha; e, em 1834, como o perseguissem os liberais do concelho por pancadaria e testemunhos falsos nas devassas de 28, andou foragido alguns meses. Sequestraram-lhe os bens; e o filho, que já era muito barbado e não tinha modo de vida, fez-se pedreiro. Depois, aplacadas as fúrias dos vencedores e restabelecida a justiça, restituíram ao Zeferino as terras devastadas. O ex-alferes saiu do seu esconderijo, e recolheu-se a casa com a espada muito cheia de verdete, dizendo que havia de lavá-la no sangue dos malhados. Em 1838, dia de Natal, embebedou-se despropositadamente e saiu para a rua a dar vivas ao Sr. D. Miguel. Outros piteireiros, do mesmo credo, afectos às velhas instituições, responderam aos vivas com um entusiasmo homicida. O Gaspar foi buscar a espada, cingiu a banda sobre a niza de saragoça, pôs a barretina com os amarelos muito oxidados, e, à frente de um grupo de jornaleiros e garotos, caminhou para a cabeça do concelho a fim de oferecer batalha campal às autoridades. Além da espada do caudilho, havia na jolda três espingardas reiunas; o restante eram foices de gancho encavadas em grossas varas. Um porqueiro colossal floreava unia lâmina brunida da faca de matar os cevados. A guerrilha, já engrossada por outros bêbedos encontrados nas tabernas do trânsito, chegou à porta do morgado de Barrimau, e a clamorosos brados elegeram-no general. Já se ouvia tocar a rebate em diversas torres, à discrição dos garotos destacados. O morgado mandou-lhes dar vinho, e que debandassem, que recolhessem a suas casas, porque iam levar grande tareia inutilmente. O egresso veio a uma janela que abria sobre o átrio, e tentou dissuadi-los do desvario que mais parecia um excesso de vinho que de patriotismo — dizia. Não fez nada. Cada vez mais picado, o alferes, faminto de vingança, bradava que estivera quinze meses escondido, que lhe tinham estragado a sua casa, e que ia pedir contas aos Trepas e aos Andrades de Santo Tirso, uns malhados, cujas cabeças havia de deixar espetadas em pinheiros.
Na vila ouvia-se o toque a rebate. Dizia-se que era incêndio. Alguns vadios atravessaram a ponte muito açodados em direcção às freguesias de onde soavam as primeiras badaladas. O regedor de Vilalva, o pai do José Dias, descia esbaforido do monte do Barreiro a dar parte à autoridade. Assim que se espalhou a nova em Santo Tirso, já se ouvia alarido de vozes. A garotagem dava vivas, e guinchava uns apupos prolongados que punham ecos nas margens tortuosas do rio Ave. Os liberais de Santo Tirso rodearam o administrador, armados, com os seus criados. Os negociantes, com medo de saque, também saíram de clavinas. As famílias nas janelas faziam clamores, numa grande desolação. Naquela vila lembrava ainda a mortandade do tempo do cerco do Porto, e havia velhos que presenciaram outra semelhante no tempo dos franceses. O regedor de Vilalva dissera que o comandante da guerrilha era o morgado de Barrimau. Esta notícia fez aumentar o pavor, porque, se o morgado, sério, prudente e bravo, aceitara o comando dos populares é porque a coisa era séria. Os homens de negócio depuseram as armas, enfardelaram os valores e fugiram, caminho do Porto. Os proprietários, os empregados públicos, os oficiais de justiça, alguns que haviam militado e emigrado, desceram à ponte armados em número de oitenta. Outros seguiram vereda diferente para passar o rio. A guerrilha, cuja vozeada se aproximava, no trajecto de uma légua, pegou a sua febre a mais de trezentos homens. Era um domingo de festa solene, consagrado à descida do Filho de Deus, para aplacar os bárbaros ódios do género humano: — uma grande alegria que passaria despercebida, se o vinho não preparasse as almas a compreendê-la e senti-la. Depois, muito comunicativa, como se vê. Gaspar das Lamelas emborracha-se ao jantar e faz brindes ao Menino Jesus e ao Sr. D. Miguel I. Pica-lhe na caneca, pungem-no saudades do rei, e sai para o terreiro a dar-lhe vivas. Outros vinhos em ebulição respondem-lhe num grito de sinceridade compacta. Trava da espada, que se tingira no sangue de três batalhas à volta do Porto; entra com ele a convicção em delírio acrisolada pela alucinação da embriaguez. E o anojo temerário dos grandes guerreiros o que é senão uma embriaguez de glória, quando não é uma embriaguez de genebra? Nas guerras civis portuguesas houve ai um bravo soldado de fortuna que, no vigor dos anos, ganhara as charlateiras de general e uma coroa de conde. Os seus camaradas, mais retardados na carreira por causa da abstinência, diziam que ele nunca saíra vitorioso de campanha onde não entrasse bêbedo. Este general, ao declinar da vida, casado e abstémio, não deu uma página gloriosa à sua história, presidiu sem iniciativa militar nem política à Junta Suprema do Podo, e fechou o ciclo das suas façanhas a parlamentar em Vieira com o padre Casimiro, o General Defensor das cinco chagas.
Também no cérebro vinolento do alferes das Lamelas rutilavam os relâmpagos da glória quando, a brandir o gládio ferruginoso, descia, na vanguarda da guerrilha, o outeiro sobrejacente à Ponte de Santo Tirso. À entrada da ponte de pau havia taverna, com as prateleiras alinhadas de garrafas da Companhia, com rótulos.
A multidão parou, avistando gente armada que descia a calçada de além, ao nível da quinta do Mosteiro de S. Bento. O taverneiro, muito caloteado dessa vez, diz ao comandante, ao Gaspar, que não caísse em se meter à ponte.
— Vocês vão cair aí nessa ponte como tordos, e os que não caírem têm de largar os socos a fugir — avisava, porque sabia que os de lá eram tesos, e vinham todos armados.
O cabecilha tinha o seu vinho quase digerido; a bravura começava a ceder às reflexões sensatas do taverneiro; mas o seu estado-maior, uns facínoras da quadrilha que três anos antes infestara as encruzilhadas da Terra Negra e Travagem, não transigiam, e forçavam-no a beber copos de aguardente. — Que o primeiro que mostrasse os calcanhares ia malhar da ponte abaixo! — protestavam os velhos salteadores do Minho, batendo com as coronhas no balcão.
Entretanto, o administrador do concelho com dois empregados inermes atravessava a ponte. A guerrilha, estupefacta da audácia, esperava-o numa atitude pacífica, estúpida, um retraimento de covardia, olhando-se uns para os outros e todos para o alferes. Ele, empurrado pelos valentes, colocou-se à frente, na boca da ponte, com a espada nua. O administrador chegou muito de passo e perguntou se estava ali o Sr. Morgado de Barrimau, que desejava falar-lhe.
Que não estava. — Eu sou o chefe — disse o Gaspar.
— Logo me pareceu que um homem sério, como o morgado, não estaria à frente deste bom povo enganado — ponderou a autoridade. — E vossemecê quem é? — perguntou ao chefe.
Que era o alferes das Lamelas, bem conhecido em toda a parte; que perguntasse aos malhados de Santo Tirso, a esse ladrões que o perseguiram e lhe roubaram os seus bens.
O administrador, um bacharel, de cabeleira à Saint-Simon, era discursivo e não perdia lanço de eloquência em casos de um romanesco medonho. A torrente do rio rugia quebrada pelo triângulo dos pegões. Uma rica e fúnebre paisagem, cortada de um lado pelos cata-ventos que rangiam nas cristas das torres do mosteiro, e do outro pela mata verde-negra, eriçada de pinheiros gementes. Um pitoresco cheio de sugestões, de uma palpitação ciclópica. Depois o enorme auditório, trezentas cabeças, flutuando com as bocas muito escancaradas numa bestialidade feramente espasmódica de lobos espantados por um archote aceso. O meio era demosténico, inspirativo. Borbotou-lhe a golfos um palavreado discreto, aconselhando a turba a retirar-se aos seus apriscos, à honrada labutação dos seus mesteres, e a não perturbarem com demagogias a pacificação dos ânimos e a sacratíssima inviolabilidade das instituições. Quando o funcionário fechou a parlenda, um dos mais bêbedos. quer por chalaça, quer por insuficiente compreensão dos princípios políticos da autoridade, atirou o chapéu ao ar e exclamou: .
A autoridade ia replicar; mas a gritaria abafou-o. Ele voltou as costas à canalha, e foi-se com bons exemplos de oradores antigos. Os liberais, logo que o viram retroceder, entraram na ponte de madeira com um sonoro estrondo de marcha cadenciada.
Capitaneava-os um escrivão de direito, dos 7500, cavaleiro da Torre e Espada, o Lobato, que pedira baixa de tenente no fim da campanha.
Outro bravo, o ex-sargento Lopes, que era guarda-chefe dos tabacos, tinha pedido vinte homens, e atravessara com eles o Ave, na revolta do rio, sem ser visto, na bateira do José Pinto Soares. Ele não podia levar a bem que aqueles pategos se retirassem sem uma sova pela retaguarda e outra pela frente. Contava com a debandada pela ladeira das matas, e prometia, lá do alto, escorraçá-los de modo que eles se espetassem entre dois fogos. Os seus vinte homens eram soldados com baixa, guardas do tabaco, e sócios aposentados das quadrilhas de 1834 — um misto de políticos, de ladrões e mártires das enxovias.
Os quatro facínoras da horda do alferes, quando viram a marcha firme e solene dos de Santo Tirso — é agora, rapazes! — exclamaram, desfechando as espingardas. Os populares que as tinham, descarregaram as suas, e avançaram, ponte dentro, numa arremetida impetuosamente esbandalhada, de rodilhão. Uma das balas prostrara um arneiro da primeira fila dos liberais; havia mais alguns feridos que se amparavam gementes as guardas da ponte. O bravo do Mindelo viu cair morto o seu homem, e, contendo a fúria das fileiras numa disciplina rigorosa, deu a voz da descarga à primeira, e mandou abrir passagem à imediata, que sustentava o fogo enquanto a outra carregava as armas.
Os pelouros cortavam fundo pelas carnes da populaça. Viam-se homens que fugiam a coxearem, atiravam-se às ribanceiras, escabujando em arrancos de morte. Os que não tinham espingardas e ainda os que as tinham sem cartuchame pegavam dos tamancos e galgavam socalcos, buscando o refúgio dos pinhais e carvalheiras.
O alferes sentiu um choque duro de coisa que lhe contundia as costas e lhe apertava o pescoço. Era o Retrinca de Santiago de Antas, o mais feroz da sua malta, que se amparava nele, quando caía varado por um pelouro. Este espectáculo trivial não aterrava o soldado de Ponte Ferreira, das Antas e da Asseiceira; mas dava-lhe as antigas pernas que o serviram nessas gloriosas batalhas. Tinha cinquenta anos, e fugia ganhando a dianteira aos garotos do seu bando destroçado. Porém, quando ele escalava a ladeira barrenta que se precipita ao sopé do monte, desciam em saltos de bezerros mordidos por vespereiros os seus homens, num turbilhão, acossados pelo tiroteio da companhia do ex-sargento Lopes — uns barbaçudos que pareciam gigantes no topo da colina, e davam uns berros clangorosos imitantes a mugidos de bois. O dia de juízo!
O Gaspar arrepiou carreira e desfilou por uma várzea alagada que ia esbeiçar com o rio. Como a banda do alferes vermelhava ao longe, e a espada a prumo no punho lhe dava uma caracterização jeitosa e provocante para alvejar as espingardas, as balas sibilavam-lhe por perto, chofrando nos pântanos. Alguns homens perseguiam-no chapinando no lameiral, porque o chefe dos tabacos, o Lopes, dizia-lhes: Os mais veleiros levavam-no esfalfado, cambaleando, atortemelado, quando o viram desaparecer de súbito entre uma espessa moita de plátanos. Daí a instantes, abeirando-se à ourela do rio, viram a barretina e a niza de saragoça sobre uns cômoros ervecidos; e, a distância de dez varas, aquele bêbedo imortal atravessava o rio a nado, numa tarde de Dezembro, com a espada nos dentes, e a banda a tiracolo.
— Ó alma do Diabo! — dizia o Patarro de Monte Córdova, cevando a arma com zagalotes para lhe atirar. — Vou matar aquele pato bravo!
E o mais novo dos quatro, um imberbe que tinha pai:
— Não lhe atire, ó tio Patarro! É um velho, coitado! Não lhe vê os cabelos brancos? Aquele homem não se deve matar. Ele vai morrer afogado antes de chegar à outra banda. Verá. Que raio de amizade ele tem à espada! Aquilo é que é!
A meio do rio, onde a veia de água resvalava mais impetuosa, deixou-se derivar sem esforço de natação. Mal bracejava. Depois, o Ave espraiavase em murmúrios de lago dormente, muito barrento, e deixava-se apegar. O alferes, com a água pela cinta, desatascou-se dos lamaçais de além; e, horas depois, repassando o Ave na Ponte da Lagoncinha, e, vencidas duas léguas de chafurdeiros e barrocas, entrava na sua casa das Lamelas, bebia um grande trago de genebra, e, floreando a espada, bradava:
Depois, sobreveio-lhe um reumatismo articular, e ficou tolhido.
Sete anos passados, quando todas as aldeias do Minho conclamavam D. Miguel, ele ainda vivia, mas entrevado num carrinho, e chorava, em impotentes arquejos do corpo paralítico, porque não podia amolar a lâmina da espada nos ossos dos malhados.
Tinha-a diante dos olhos pendurada numa escápula com o boldrié e a banda. As vezes, depois de beber, punha-se a olhar para ela com os olhos envidraçados de lágrimas, e pedia que a metessem na sua sepultura, que o enterrassem com ela. E enterraram. Espera-se que o esqueleto deste legitimista, com as falanges esburgadas e recurvas no punho azevrado da espada, ressuscite, ao ulular da trombeta, na ressurreição geral das Legitimidades. Ponto é que a Rússia se mova — como dizia o frade de Barrimau.