Vós, Nymphas da Gangetica espessura,
Cantae suavemente, em voz sonora,
Hum grande Capitão que a roxa Aurora
Dos filhos defendeo da noite escura.
Ajuntou-se a caterva negra e dura,
Que na Aurea Chersoneso affouta mora,
Para lançar do charo ninho fóra
Aquelles que mais podem que a ventura.
Mas hum forte leão, com pouca gente,
A multidão tão fera como necia,
Destruindo castiga e torna fraca.
Ó Nymphas, cantai, pois; que claramente
Mais do que Leonidas fez em Grecia,
O nobre Leoniz fez em Malaca.
- ↑ Título atribuído por Pero de Magalhães Gândavo em sua História da Província de Santa Cruz.
- ↑ RODRIGUES, Marina Machado. Crítica autoral e crítica textual na lírica de Camões. Revista Philologus, Rio de Janeiro, v. 6, n. 17, 1999. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/artigo/6(17)37-46.html>. Acesso em: 6 jan. 2014.
- ↑ No sumário das Obras completas de Luis de Camões, José Victorino Barreto Feio e José Gomes Monteiro inserem a seguinte observação para este poema: A D. Leoniz Pereira, defendendo valerosamente a praça de Malaca de que era Capitão, contra o formidavel poder do Achem, em 1568 (p. 418 do Tomo II).