Dirá agora alguém: — Era, por certo, o demônio que entrou em casa de D. Diogo Lopes. O que lá não iria! Pois sabei que não ia nada.
Por anos, a dama e o cavaleiro viveram em boa paz e união. Dois argumentos vivos havia disso: Inigo Guerra e Dona Sol, enlevo ambos de seu pai.
Um dia de tarde, D. Diogo voltou de montear: trazia um javali grande, muito grande. A mesa estava posta. Mandou conduzi-lo ao aposento onde comia, para se regalar de ver a excelente preia que havia preado.
Seu filho assentou-se ao pé dele: ao pé da mãe Dona Sol; e começaram alegremente seu jantar.
"Boa montaria, D. Diogo — dizia sua mulher. Foi uma boa e limpa caçada."
"Pelas tripas de Judas! — respondeu o barão. Que há bem cinco anos não colho urso ou porco montês que este valha!"
Depois, enchendo de vinho o seu pichel de prata mui rico e lavrado, virou-o de golpe à saúde de todos os ricos-homens fragueiros e monteadores.
E a comer e a beber durou até a noite o jantar.