E's tu ainda, ó Porto, ó terra progressista,
Quem hoje venho achar coberto d'altivez,
Cercado como outr'ora, em dias de conquista,
Por válidas nações, rojadas a teus pés.
Da liberdade em prol, nos campos de Mavorte,
Teus filhos, n'outro tempo obraram feitos mil.
Mas hoje, do progresso á voz potente e forte,
O dorso teu ergueste altivo e senhoril.
No cume da montanha, aonde se levanta
Um templo, cujo nome é o nome d'um heroe,
Um illustrado Rei, abrasado em fé santa,
Foi dar principio á festa, inaugural-a foi.
Já hoje n'esse sitio, aonde outr'ora apenas
A custo vegetava alguma inculta flor,
Que brilhantes paineis, que variadas scenas
Off rece à nossa vista a festa do labor!
Mas esta exaltação, esta viva alegria,
Que vós imaginaes existir só aqui,
Reina tambem no ceu... tambem lá, n'este dia,
Os anjos cantam hymnos festivaes! Ouvi...
― Na fronte de Pedro Quinto
Jaz da alegria o reflexo,
Por que vê como o progresso
Avassalla Portugal!
E sobre a altiva montanha
Fita os olhos com espanto,
Onde como por encanto,
Surge um templo colossal! ―
― Eis, emfim, realisado
Um dos meus sonhos de gloria!
Teu nome, ó Porto, na historia
Eterna fama ha de ter!
P'ra vêr da industria o certame,
O pacifico torneio,
Que se ostenta no teu-seio
Ai! quizera inda viver!
Com que prazer abraçara
Os meus irmãos ― os artistas ―
Verdadeiros progressistas
Que ennobrecem o paiz!
Esses dous gigantes vultos [1]
(Não preciso nomeal-os)
Eu ja não posso abraçal-os...
Premeia os tu, D. Luiz,
18 de Setembro de 1865.
Augusto Queiroz.
- ↑ Alfredo Allen e Antonio Ferreira Braga