Dedicada e offerecida ao meu adorado pae
Borboleta côr de neve
D'onde vens a vôajar?
Se és acaso mensageira
Que novas me virás dar?
Vens dizer-me que é já findo
Esse tempo de amargura;
Que em breve vai ser trocada
Em risos minha tristura?
Que a saudade vai fugir,
A triste ausencia findar;
Que passados poucos dias
Posso o meu pae abraçar?
Diz-me, diz-me borboleta,
Onde está o pae que adoro?
Não respondes, não tens pena
D'estas lagrimas que eu chôro?!
Tua côr é innocente,
Não me podes enganar.
Borboleta toda branca
Boas novas me vens dar.
Quanto invejo, mariposa,
As azas que Deus te deu!
Por ellas neste momento
Oh! quanto daria eu?...
Se fôra nobre guerreiro,
Daria os loiros, a espada!
Se fôra insigne poeta
Daria, a lyra doirada.
Daria a corôa, e o sceptro
Se fôra rei bem poderoso.
Queria n'ellas ir depressa
Vêr o meu pae extremoso.
Dizer-lhe as tristes saudades
Que por elle tenho soffrido:
As angustias que o meu peito
N'esta ausencia tem sentido!...
Volta tu o mariposa,
Nas azas que Deus te deu,
Junto do pae que eu adoro,
Leva-lhe um abraço meu.
Borboleta toda branca.
Volta volta a voajar
Vai diz-lhe que as pobres filhas
'Stão por elle a suspirar.
Veiga 25 de maio