Oh! vem filha do céu, em nossas almas
Espargir dôce paz, as sanctas crenças,
Dá-nos valôr bastante pra trilhar
Esta senda escabrosa, humedecida
Pelas pungentes lagrimas que géra
O soffrimento e dôr que o mundo offrece!...
Só tu podes na terra de martyrio,
Uma esp'rança inspirar ao desditoso!
Ai, sem ti arrastar quem poderia
Os tormentos que a vida tanto opprimem
Que o coração esmagam fibra a fibra!...
Quando desesperados esquecemos
Teu auxilio divino, então que horror!
Que inferno dentro alma nós sentimos!...
Sem um raio d'esp'rança cá na terra,
Deslembrados d'um édem de delicias
E dos lados blasphemeas só sahindo!...
Então volves piedósa a soccorrer-nos
E já rompendo a nuvem que occultava
Essa luz rutilante que da gloria
Esparge a mão do Eterno ao que tem fé,
Magestosa appareces d'alvas roupas
E tão pura, tão sancta nos apontas
Serena para o ceu, erguendo a cruz!...
«Alli, eis teu regresso, tu nos dizes,
«Deixae os vãs cuidados que nos valem
«Um momento de gloria junto a Deus!...
E o calix nos mostras d'amargura,
Abraçada na cruz, olhando o ceu!...
Maria Adelaide Fernandes Prata.