Amor de filha....
 

 

Eu d'ella nem sei mesmo o que se diga!...
Só para si vivia... Amor's não tinha...
Se a pobre rapariga
Nem á janella vinha!...

A's noites junto á meza costumava.
De dia a mesma coisa... a trabalhar!..,
Bordado não deixava
Sem primeiro acabar...

A costura de pranto rociada
Era espelho, onde eu via a sua alma...
De trabalhar cançada
Martyr ganhaya a palma!

Nem de noite deixava a sua agulha!
Nem por alva largava o seu dedal!...
E em pranto se mergulha
Aquelle rosto oval!...

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Será pois ambição, que assim a mova
A trabalhar continuo tão cançada?!
E' que n'aquella alcôva
Tem a mãe entrevada....

ALBERTO PIMENTEL.