Pallida, errando só nos ermos valles,
Quanto ha triste ella busca no universo,
Cançada de chorar, já não tem pranto,
Suspira, espera em vão achar allivio;
Corre as desertas plagas, nos rochedos
Vae assentar-se, as vagas contemplando
E pelo immenso mar dilata os olhos,
Immenso como é d'alma, a dôr immensa!..
Suspende-a ahi a noite que ella adora,
Porque no coração tem noite eterna!..
Mas quando d'entre as nuvens apparece
Essa formosa fada argentea, pura,
Ella sorri-lhe então, sente no seio,
Aprazivel saudade, mais tristesa!
E quando raia o dia, o sol desponta,
As trevas da su'alma não supportam
O claro rutilar dos raios seus
E já em matta escura de cyprestes
Onde esse astro de luz fulgir não póde,
Embrenha-se gostosa, vae fartar-se
Entre funereaas campas de tristeza!..
Depois ajoelhada junto áquella
Em que uma irmã querida, terna jaz,
Desfolha rouxos lyrios orvalhados
Inda por essas lagrimas saudosas
Que d'alma angustiada se deslisam,
Apoz, pia oração, adeus sentido,
Adeus de quem d'alli se affasta a custo,
De quem ao Creador roga incessante
A gloria d'entre os anjos ser com ella!..
M. A. Fernandes Prata.