Soneto
Assim correm meus dias sem ventura,
Ligeiros caminhando á eternidade,
Em cada um, um espinho, uma saudade,
Um motivo de dor, uma amargura!...
O' quanto assim é triste a vida e dura!...
Mas na terra não ha felicidade!...
Predice-o lá nos ceus a Divindade, e
Nos ceus onde ella off'rece a gloria pura;
N'esta crença divina affronto ousada
Dos fados o rigor, da crua sorte
E sem temer espero socegada
D'essa parca terrivel duro córte;
E' meu regresso emfim, resignada,
Anjo te aguardo funebre da morte!...
M. A. Fernandes Prata.