A Esperança Vol. I/Soneto (Henriqueta Elisa)

Soneto
 

 

E' triste que n'aurora da existencia
Não reste uma só flor! que desfolhadas
Uma a uma, vão ser arremessadas
No arido recinto da exp'riencia!...

E' triste que me abrace à va sciencia,
Deixando minhas crencas sepultadas
Na valla do soffrer! Risonhos nadas
Fugitivos como os sonhos da innocencia!

Na quadra mais amena d'esta vida
E' triste ver fugir p'ra sempre os annos
Sem sombras de ventura appetecida!...

Cançadas de soffrer acerbos damnos
da campa me sorria, imagem q'rida,
Por entre o frio pó dos desenganos.

 
Lodeiro, 4 de junho de 1865

Henriqueta Eliza