Vou pegar na minha lyra,
Ha tanto tempo olvidada;
Quer vêr se ainda solta
Algum som, a malfadada...
Minha lyra, eu quero um hymno
Dos que sabias cantar
Quando um meu sorriso vinha
Tuas cordas afinar.
Eia pois, eu quero um canto
Todo meiguice e ternura,
Que possa voar ás folhas
Do Album da virgem pura.
Quero que seja mavioso.
Qual harmonia do céu;
Modesto como a violeta
Que se esconde em verde veu.
Tão meigo como o trinar
Do mimoso rouxinol
Quando vem cantar saudades
A' hora do pôr do sol
Tão suave como a brisa
Por uma noite de v'rão;
Tão singello e verdadeiro
Como é.... meu coração.
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Dedilhei nas fracas cordas,
Ficou muda a malfadada!
Em vez de canto só tenho
― Uma esp'rança desfolhada.
Veiga ― Janeiro ― 1865.
D. Ephigenia do Carvalhal Souza Telles.