Ante a cruz prostrada ó Deus,
Por aquelle venho orar
Que para longiquas terras
Partiu triste a suspirar:
Aqui na mansão dos mortos
Veio saudoso encontrar-me,
De minha mãe, junto á campa
Veio eterno amor jurar-me;
Triste adeus da despedida,
Mal pôde balbuciar!..
Partiu logo! e eil-o agora
N'alto mar a navegar!..
Mas ai! os ventos sibilam,
As vagas quebram-se iradas,
Os relampagos fuzilam
Entre nuvens carregadas!
O' que noute tenebrosa!
Abala-se a redondeza,
Tudo são ruinas, pranto,
Jaz n'um cháos a natureza!
Dá no mar ó Deus bonança,
Protege o triste amador,
Que volte à patria ditoso,
Sem que olvide o seu amor !...
Foi no céo ouvida a virgem,
Deus a tormenta findou
E um anjo d'azas brancas,
Logo na terra baixou:
Não temas, elle lhe disse,
De teu desposado a sorte;
Eu serei sempre seu guia,
Elle será teu consorte.