Felício amigo, se eu disser que os anos
passam correndo ou passam vagarosos
segundo são alegres ou penosos,
tecidos de afeições ou desenganos,

"Filosofia é esta de rançosos!",
dirás. Mas não há outra entre os humanos.
Não se contam sorrisos pelos danos,
nem das tristezas desabrocham gozos.

Banal, confesso. O precioso e o raro
é, seja o céu nublado ou seja claro,
tragam os tempos amargura ou gosto,

não desdizer do mesmo velho amigo,
ser com os teus o que eles são contigo,
ter um só coração, ter um só rosto.