Velha, Aspásia[1], como um clarão, na Academia
E na ágora, surgia e ofuscava as mais belas;
E, sob as cãs, e sob as roupagens singelas,
Aureolada do amor de Péricles, sorria...

Do Helesponto, do Egeu, do Jônio, em romaria,
Vinham vê-la e admirá-la efebos e donzelas.
E eles: "Que sol nos teus cabelos brancos!" E elas:
"Brilha mais do que a aurora o final do teu dia!"

Ela e a Acrópole, frente a frente, alvas, serenas,
Unidas no esplendor, gêmeas na majestade,
Eram a forma e a idéia, iluminando Atenas.

Aspásia, deusa clara e simples, na moldura
Do céu, nume feliz, perfumava a cidade...
Era uma religião a sua formosura!

Notas editar

  1. Aspásia de Mileto (440 a.C.), amante de Péricles.