Lembro-me dela, quando então vivia:
Era suave e meigamente bela;
Santa em um nimbo, ao vê-la na janela,
De pé, dentro de um nicho, à luz do dia.
Pouco depois, meu Deus, quem o diria?
Inda estava formosa, inda era ela,
Mas fria já, já pálida a donzela,
Lírio morto, que em lágrimas floria...
Virgem de Sanzio, imaculada filha
De um sonho de oiro e da visão mais pura,
Quem, ante a imagem dela, não se humilha?
Foi uma estátua de esplendente alvura,
Feita só para um túmulo, em que brilha,
Imóvel, doce, em plácida postura...