É o amor uma loba; — os sóis devora;
Anda a estrugir com sua voz medonha
De noite à lua; e vela, e dorme, e sonha
Leitos de opala, como os tem a aurora!
A dor terrível pelo olhar lhe chora
Ante a extensão indômita, enfadonha,
Onde a caça esplendente arfando mora,
Sem que numa somente as garras ponha.
Olha inda o céu da gruta à borda, e um grito,
Em vez dos dentes, crava no infinito;
Crava um último olhar furioso e louco.
O amor é assim; — a famulenta loba,
Que os sóis, se pode, morde, apanha, rouba,
E enche os seios p´ra os dar, e inda acha pouco.