Grande alma universal, onipotente e boa,
Ouve: em vez de calçar com lágrimas, com riso
Aveluda o carreiro árduo e estreito que piso:
Um deus qualquer, vê bem, olha, um deus te atraiçoa.
 
Perdeu-se a âncora antiga, a vaga arrebatou-a.
Encarna-te de novo, um milagre é preciso;
Busca nova mulher, e, se inda é tempo, voa,
Dá-nos novo Jesus, e um novo paraíso.
 
Coalha de Alhambras de oiro o azul do teu caminho.
O mundo é jaula, a jaula, — anda, — transforma em ninho.
Numa das tuas mãos outro universo dorme.
 
Abre, arqueia outro céu, redoira-lhe a corola...
... Mas num grande silêncio outro silêncio rola:
E há no fundo da noite uma lágrima enorme!...