Quando, da liberdade em nome, um clown num dia
Açaima um povo, e o avilta, e o junge em lida insana,
É que ele surpreendeu de rasto a cobardia,
E achou cega e sem guia a consciência humana.
 
Ódio todo e traição, tudo o trai, tudo o engana,
Tem medo ao sol, — sorriso, asco à luz, — ironia,
Só não vê junto a si de pé a tirania
Da virtude, que o julga, e o esmaga, e é mais tirana.
 
Com ele a história é ruína, é lágrima, é destroço.
Mete-o aí mesmo a justiça, ata-o aí mesmo em granito,
A gargalheira roxa e túmida ao pescoço...
 
Zurze-o a Hora, que passa; aspa o Tempo o maldito;
Suja-o o vesgo rumor de um mar furioso e grosso
Da vasa e dos baldões, que enchem grito após grito...