No meio d'uma feira, uns poucos de palhaços
Andavam a mostrar em cima d'um jumento
Um aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
Aborto que lhes dava um grande rendimento.

Os magros histriões, hypocritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento,
E o monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns olhos sem calor e sem intendimento.

E toda a gente deu esmola aos taes ciganos;
Deram esmola até mendigos quasi nùs.
E eu, ao ver este quadro, apostolos romanos,

Eu lembrei-me de vós, funambulos da Cruz.
Que andaes pelo universo ha mil e tantos annos
Exhibindo, explorando o corpo de Jesus.