Há no espaço milhões de estrelas carinhosas,
Ao alcance do teu olhar... Mas conjeturas
Aquelas que não vês, ígneas e ignotas rosas,
Viçando na mais longe altura das alturas.
Há na terra milhões de mulheres formosas,
Ao alcance do teu desejo... Mas procuras
As que não vivem, sonho e afeto que não gozas
Nem gozarás, visões passadas ou futuras.
Assim, numa abstração de números e imagens,
Vives. Olhas com tédio o planeta ermo e triste,
E achas deserta e escura a abóbada celeste.
E morrerás, sozinho, entre duas miragens:
As estrelas sem nome - a luz que nunca viste,
E as mulheres sem corpo - o amor que não tiveste!