Sei o espaço sem fim que nos separa;
Não enche todo mar seu vácuo imenso,
E o céu, que tem à abóbada suspenso
O candelabro, que só Deus plantara,

E nos braços azuis dependurara
Lâmpadas mil, que nem as contar penso;
Nosso abismo é mais fundo, e mais extenso:
Cheio de amor, maior inda ficara.

Esse, que entre nós se abre, e abaixa, e alteia,
É um pavor sinistro, que derramo
Em tudo o que nos fala e nos rodeia:

É o dever, — e, miserando, exclamo,
Por ver que o pode encher um grão de areia,
E estar sempre entre nós, mulher que eu amo...