Um pobre tabaréu, naquelas férias,
Veio fazer-me umas consultas sérias,
Que eu, estudante, ouvi com grande orgulho:
O homem se ajeita, alisa a palha, tosse,
E narra, entre questões de velha posse,
Um caso intrincadíssimo de esbulho.
Ouço-o... Depois, com ar de quem reflete,
Mostro-lhe o Ribas, cito o Lafayette,
Lançando a esmo alguns latins de acaso;
E para consolá-lo, ao ir-se embora,
Deixo tombar esta opinião sonora:
"Vá sem receio... É líquido o seu caso".
E ela, que tudo vira e tudo ouvira,
A crassa ingenuidade do caipira,
A alta prosápia de minhalma inculta,
Ela, morta de rir, num alvoroço,
Lançando-me seus braços ao pescoço,
Pagou-me com dois beijos a consulta!