Sempre o mesmo clarão desse eterno problema!
E a luz, com tanto orgulho impõe-se, enchendo a esfera!
E uma dúvida amarga a fluir desse estema!
E longo o abismo azul, insondável cratera!...
 
O diálogo do dia e da noite lacera!
Não há sol que não caia, estrela que não trema:
E a página, onde acaba o universal poema,
Não tem esta palavra em letras de oiro: — Espera.
 
Nessa abóbada azul de estranhas cousas cheia,
Delas só o prefácio está lançado e escrito:
E a sombra do porvir larga, profunda, enleia!...
 
Que mundo haverá entre dois grãos de areia?
O que haverá por todo o incógnito infinito?
Que novos céus um Deus por outros céus semeia?...