- O que importa na vida não é o ponto de partida,
- mas a caminhada.
- Caminhando e semeando, no fim terás o que colher!
- (Cora Coralina)
Neste ano de 2005, quando se completam 40 anos da conclusão e entrega dos originais deste trabalho pioneiro às oficinas gráficas da então denominada Imprensa Universitária, bem como estaríamos comemorando o 80º aniversário do seu autor, vem a Editora Universitária reeditá-lo para, dentre a programação do 4º Encontro de Línguas e Culturas Macro-Jê, torná-lo acessível a novas gerações de estudiosos das línguas indígenas.
Para alguns, esta nova edição seria um desastre, tendo em vista a atual condição de raridade do trabalho, de acordo com vários catálogos, afinal cairia o seu valor no mercado livreiro. Até mesmo através da internet localizamos o oferecimento de um exemplar, na França, sob tal classificação.
Mas, antes de um possível valor comercial, maior sempre foi a vocação pelo ensinamento, pela transmissão do conhecimento a tantas e tantas gerações que o motivava. Assim, tenho a certeza de que ele entenderá de maior valia esta nova edição, infelizmente não atualizada ou ampliada, como seria do seu desejo, mas, ao menos, com algumas das correções gráficas por ele detectadas.
No já longínquo 6 de dezembro de 1965, quando da conclusão e entrega para publicação do livro e, também, seu 40º aniversário, foi da sua vontade agradecer àqueles que a tornariam possível. Hoje, não mais estando, como matéria, entre nós, ouso em seu nome acrescentar àquele elenco a sua ex-aluna e colega do Departamento de Letras, e atual diretora da Editora Universitária, Gilda Lins de Araújo, por, antes de tudo, trazer à lembrança e às novas gerações um longo e árduo trabalho de pesquisa por ele realizado.
Depois de traçadas estas palavras, reconheço que nunca chegariam a uma apresentação do trabalho, a qual, aliás, se torna por demais desnecessária diante do prefácio, de uma pessoa que, como o autor, tinha a modéstia em seus atos, não havendo sido escolhido para tal por uma mera ação entre amigos ou compadres, mas pela longa jornada que os unia e pelo estímulo dado.
E, a partir do estímulo a novas perspectivas que então se abriam, uma longa caminhada foi empreendida e os obstáculos foram sendo superados.
De início, um sonho; nele o caminho a ser percorrido.
Mesmo sem o auxílio das novas e atuais opções tecnológicas, e veja-se que, mesmo à época, teve a seu dispor equipamentos rudimentares e de parcos recursos, procurou semear uma idéia, que veio a colher depois de decorridos mais de dez anos, entre atividades de campo, na aldeia e com a visita de integrantes da tribo a sua casa, ou mesmo a acompanhá-lo no seu dia-a-dia.
Para os novos estudiosos, este trabalho pode até vir a parecer primário, diante dos grandes avanços para a pesquisa de uma língua, seja em termos tecnológicos, seja em termos econômicos.
Mas, há cinqüenta anos atrás, não existia em que se pegar para o trabalho, pois ninguém havia empreendido igual empreitada, da descoberta da língua dos índios Fulniô. Hoje, tais esforços são desnecessários, pois aqui se apresenta o ponto de partida para qualquer nova caminhada.
Aliás, os verdadeiros pesquisadores, lingüistas ou não, sempre souberam reconhecer tais méritos e, até por essa razão, um livro publicado há tanto tempo, por uma imprensa universitária nordestina, logrou atingir os centros maiores, seja no âmbito nacional ou internacional e, por fim, diante da lacuna até hoje não preenchida, ser valorizada ainda mais com esta nova edição, através da mesma editora que, há 25 anos, o teve na presidência do então Conselho Editorial, em vista da sua nomeação para a vice-reitoria da Universidade, para a qual dedicou quase a metade da sua vida, nas atividades de magistério, pesquisa e administração.
Este material foi publicado por seu autor/tradutor, Marcelo do Rêgo Barros Lapenda (ou por sua vontade) em Domínio público. Para locais que isto não seja legalmente possível, o autor garante a qualquer um o direito de utilizar este trabalho para qualquer propósito, sem nenhuma condição, a menos ques estas condições sejam requeridas pela lei.