... Senão tiver caridade, não sou nada.
S. Paulo—1 aos Corint. XIII, 2.
E sahira Israel do deserto de Sin ;
Sob o olhar do Senhor penetra em Raflidin.
Alli, depois que a sêde ás trilhas saciára
Sobre a rocha estendendo a mysteriosa vara,
Vio Moysés de Amadee os rispidos varões.
E apresentou a batalha ; e enquanto, em borboletões,
Molha o chão do deserto o sangue do guerreiro.
Sóbe, entre Aarão e Har, ao cimo de um outeiro.
Ergue os braços, e á mente abrindo as azas, vai
Súpplice além gemer aos pés do Eterno Pai.
Se as mãos levanta, vence a gente israelita ;
Se as affrouxa, triunpha o torpe amaleeita.
Mas é longo e cruel o esforço e o pelejar ;
Como a pomba que desce exhausta de vòar.
Oa como o leto em flor que o collo inclina ao vento.
Os dous braços lhe vão cahindo em desalento :
Logo Har de um lado, e Aarão do outro, para o céo
Levantam-lhos, até que a noite estende o véo.
Comprassivo o Senhor a victoria lhe envia :
Morde a terra Amalee ao expirar do dia.
E triumpha Israel uma vez mais.
Christão,
Tu és como Moysés no monte da oração.
Quando, os olhos no céo, alevantando os braços,
Sóbes a alma fervente através dos espaços.
Aarão te assiste e Har, como os homens de Deus,
E sustentam-te as mãos erguidas para os céos,
Se, no meio da prece, a braço affrouxa e cança :
Aarão chama-se Fé, Hur chama-se Esperança.
E teas mais a amparar-te o peito e o coração.
Caridade, que vence a Hur e veace a Aarão.
Machado de Assis.