Amar — é um fingir a cada instante,
Um dizer — sim ou não — de hora em hora;
E’ cantar de sereia, que namora,
Attrahe e perde o infeliz viajante:
Amar — é para o misero aspirante
Ter por dentro uma cousa, outra por fóra;
E’ no balcão, onde a perfídia móra,
Pedra falsa impingir por diamante:
Amar — é de Cupido no mercado,
A ver qual é melhor, ter mais de um socio,
E dar — o que não presta por quebrado;
Amar — é um synonimo de ócio;
E’ paia o casamento um laço armado;
Um ramo, como outros, de negocio.
Janeiro de 1867.