Amar — é um viver impaciente,
Que tem mais de penoso que delêdo;
E’ um mal, que nos mata, tarde ou cêdo...
Com dores mais crueis que a dôr de dente:
Amar — é uma febre intermittente,
Que degenera em typho que faz mêdo;
E’ da vida nos mares um torpedo,
Que no abysmo arremessa a muita gente:
Amar — é andar sempre n’um sarilho;
E’ virado trazer sempre o miolo;
Jogar, e perder sempre de codilho;
Amar — é d’margura o peior bolo;
E' uma embriaguez de peralvilho,
Um documento authentico de tolo.
Janeiro de 1867.