Amor, cego, rapaz, travesso, e zorro,
Formigueiro, ladrão, mal doutrinado,
Em que lei achai vós, que um home honrado
Há de andar trás de vós como um cachorro?
Muitos dias, Mancebinho, há, que morro
Por colher-vos um tanto descuidado,
Que à fé que bem de mim tendes zombado,
Pois me fazeis cativo, sendo forro.
Não vos há de valer erguer o dedo
Se desatando a voz da língua muda
Me não dais minha carta de alforria.
Mas em tal parte estais, que tenho medo,
Que alguém poderá haver, que vos acuda,
Sem que pagueis tamanha rapazia.