Alerta peitos, alerta,
Que sai a gentil Anarda,
Aquele acinte das rosas,
Aquele arrufo das graças.
Desafia a todo o peito,
Ilustremente alentada,
Tendo a graça valentona,
Tendo a beleza fidalga.
Ostenta com dois motivos,
Mui soberba, mui bizarra,
O seu brio à Portuguesa,
O seu pico à Castelhana.
Com seus olhos de azeviche,
Com sua flórida cara
Aos astros dá belas figas,
Aos jasmins faz muitas raivas.
Mostrando-se mui senhora,
Aos escravos peitos dava
De um menosprezo as injúrias,
De um rigor as bofetadas.
Ao mesmo tempo se juntam
Na fermosura adorada
Os rigores de Quaresma
Entre alegrias de Páscoa.
Estocadas dá de penas,
De amores fulmina balas,
Se as graças desembainha,
Se os resplandores dispara.
Nas mangas de holanda bela
Contra Amor rebelde se arma;
Por Holanda a holanda vejo,
Por mangas receio as mangas.
Castigando-a por traidora
O Rei menino, formava
O cadafalso do colo,
O degolado da gala.
É Céu a beleza sua,
Quando o manto se adornava,
Servindo o manto de glória,
Servindo a garça de graça.