Para que o ouvisse toda eternidade,
Começara a lidar segunda-feira
Até domingo, em frente a ti, na leira,
Cantando tua loira mocidade,
Sem te pedir um beijo só: não há de,
Dona de tudo quanto é bom e cheira,
Alguém pedir-te cousa que não queira
Qualquer deus para si, mesmo a piedade?
Mas logo que emudeça, então, querida,
Abrirá, como um sol, uma ferida
Em ti, tardo sinal do teu afeto:
E hei de ouvir teu lamento, como o grito
Que solta o oceano a dar contra o granito,
Com que o monte lhe rasga o flanco inquieto...