- A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
- Caiu pela escada excessivamente abaixo.
- Caiu das mãos da criada descuidada.
- Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.
- Asneira? Impossível? Sei lá!
- Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
- Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.
- Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
- Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
- E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.
- Não se zanguem com ela.
- São tolerantes com ela.
- O que era eu um vaso vazio?
- Olham os cacos absurdamente conscientes,
- Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.
- Olham e sorriem.
- Sorriem tolerantes à criada involuntária.
- Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
- Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
- A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
- Um caco.
- E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.