(Jules Moy)
Moisés tem uma linda mulher.
É a opinião de Moisés.
É essa, também, a opinião dos amigos de Moisés.
Rebeca, esposa de Moisés, não é orgulhosa.
Somado tudo, Rebeca não procura senão ver todo o mundo contente, e contenta a todo o mundo. Não sabe recusar nada a ninguém.
Um a um, os amigos de Moisés aproveitam-se dessa circunstância, e fazem a Rebeca uma corte que é levada, sempre, aos derradeiros limites.
Certo dia Rebeca recebe em casa o tenente Bigorneau, afamado pelas suas conquistas mundanas e pela sua bravura. A conversa vai logo às últimas intimidades. No meio da palestra, ouvem-se passos.
— Céus! Meu marido! — exclama Rebeca, que conhece os seus clássicos.
Rebeca esconde rapidamente o tenente Bigorneau, que se deixa conduzir, em um armário da sala.
Moisés aparece, e troveja, exasperado:
— Teu amante está aqui!... Eu sei... Onde está ele?... Vou matá-lo!
Rebeca, com calma, responde:
— Não grites, homem! Se tu sabes que eu tenho um amante, procura-o tu mesmo.
Moisés começa a procurar pelo quarto. Levanta as cortinas. Abre as malas e, até, as gavetas, que não têm mais de trinta e cinco centímetros de comprimento. Após cada pesquisa, exclama:
— Aqui não está!
Enfim, chega diante do armário grande. Abre-o, e vê o tenente Bigorneau em toda a sua estatura. Bigorneau está com cara de poucos amigos. À mão, brilha-lhe a espada, disposto a tudo.
Moisés olha com atenção o oficial, e, em seguida, fechando o armário com violência:
— Aqui, também, não está!