Introdução ao Livro de Gênesis

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É o primeiro livro do Pentateuco e da Bíblia. É o livro das origens. Origem do universo e do homem, origem do pecado, da cultura, de raças e povos, origem das línguas e do povo de Deus, através de seus patriarcas. No começo, tudo é bom, como Deus o fez. Pela rebeldia do homem, entra o mal, a morte, a discordia e o fraticídio, a vingança desmedida, a deprevação que solta o dilúvio, a arrogância que confunde as línguas. Depois do dilúvio, Deus começa nova ação num ponto da história, num homem. E, sob a ação de Deus, a história, antes pecado crescente, faz-se agora salvação crescente. O culto do livro é a história de Abraão: eleição e benção, a que corresponde fé e esperança. São páginas simples e profundas, cujo auge narrativo é o sacrifício de Isaac. O ciclo de Isaque é breve e de enlace; destaca a história de Rebeca. O ciclo de Jacó, identificado com Israel, tem mais extenção e relevo, por se tratar do antepassado dos israelistas. A história de José tem um perfil distinto. É mais ampla e mais bem constituída, com hábeis duplicações que regraçam o desenlace e produzem constrastes. O protagonista é uma figura ideal e exemplar; a intervenção de Deus é discreta. Frequentes referências ao Gênesis são encontradas no Novo Testamento. Cristo torna-se a antítese de Adão: pecado e morte atingem a humanidade com Adão, absolvição e voda com Jesus Cristo (Rom. 5:12-21). A arca de Noé torna-se o símbolo da Igreja, pela qual os homens são salvos da destruição através da água do batismo (1 Pdr. 3:20-22); a fé de Abraão é o modelo para todos os cristãos; o sacrifício de seu filho Isaac simboliza o sacrifício de Cristo, Filho do Pai. Também é possível ligar as pessoas de Abel, Abraão e Melquisedec a Cristo em seu ato de sacrifício. Foi, sem nenhuma dúvida, escrito por Moisés, assim como todo o Pentateuco. [1]

  1. Argumentos Intrísecos: a) Tudo quanto está exarado no Pentateuco indica um autor antiguíssimo, ou melhor: o historiador mais antigo, tal como é Moisés. A criação do mundo, a inocência e a queda, o dilúvio, a dispersão dos povos, a fundação das cidades, a rigorosa descrição da vida doméstica e pastoril dos partriarcas, etc., etc., são narrações feitas de tal sorte, de que é impossível não se convencer que o autor devia ter composto a obra perto desses lugares, haurindo da tradição oral muitos e minuciosos dados, que em épocas posteriores ter-se-iam perdido. Além disso as alusões a lugares do Egito e Arábia são tão precisos q que só alguém que ali tivesse residido poderia formular. b) A maneira como Moisés fala de si mesmo, comprova ser o autor do Pentateuco. Em Êxodo 17:14, Deus ordena a Moisés que escreva "num livro", o que supõe a existência dum livro no qual estavam consignados os acontecimentos relativos ao povo de Israel. No c. 24:7, alude-se ao 'Sefer Berith', ou livro da aliança, que Moisés lê ao povo. c) A ordem, disposição e narração dos fatos comprova ser Moisés o autor do Pentateuco. Os primeiros acontecimentos são esboçados apenas; à medida que os fatos se vão aproximando vão sendo mais precisamente descritos, com mais rigor e clareza. d) Comprovam a autenticidade do Pentateuco os arcaísmos e certas locuções que lhe são próprias. A linguagem de Moisés tem uma "cor antiga", uns traços primitivos, um modo de dizer especial, formas irregulares, simples, processos elementares de construção e muitas palavras egípcias, que são um indício seguro comprovado pelos fatos narrados. Argumentos Extrínsecos: a) A crença universal de todos os judeus, tendo como certo Moisés o autor do Pentateuco. Filon, Flávio Josefo, rabinos e o Talmude, todos concordam em indicar Moisés como o único autor do Pentateuco. b) Os livros sagrados dos judeus fornecem importantíssimo argumento. De Josué, por exemplo, citaremos essas palavras: "Estote soliciti ut custodiatis cuncta quæ scripta sunt in volumine legis Maysi" (23:6. Cf. 1;7s; 24:26) 1(3) Rs 2:3s; 2 Rs 14:16; 1 Cron. 15:15; 1 Esdr. 3:2; Tobias 7:14; Dan. 9:11ss, não esquecendo os Salmos que resumem poeticamente os fatos contados por Moisés. Vigoroux, Manuel Biblique. c) O texto samaritano tem sido muitas vezes confrontado com o hebreu, é sabido que os samaritanos nunca discordaram da autoria de Moisés, o que é de grande valor, vista a inimizade que separava os dois povos. d) A antiguidade concorda: Eupolimo, Pompeu, Platão, Diodoro da Sicília, Estrabão, Tácito, Plínio e Juvenal. Conf. D. Augusto Eduardo Nunes 'Theologiae Fundamentalis Compendium'.