Pernambuco, a província heróica, pátria de tantos filhos beneméritos, deve ufanar-se de poder contar entre os nomes das senhoras ilustres, que há produzido, o da jovem Rita Joana de Sousa, que muito honrou as belas-artes e letras, e de cujo talento fazem honrosa menação o abade Barbosa Machado na Biblioteca Lusitana, Fróis Perim no Teatro Heroíno, Ferdinand Denis no Resumé de l'histoire littéraire du Brésil, o conselheiro Baltasar da Silva Lisboa nas Notas Biográficas, e muitos outros.
Nascida sob aquele formoso e esplêndido céu, entre aquelas encantadoras e risonhas paisagens, ante todas aquelas belas e inspiradoras cenas da cidade de Olinda, no ano de 1696, quando Gregório de Matos expirava com a poesia do arrependimento nos lábios e o canhão anunciava o aniquilamento da república africana de Palmares, passou ela a sua mocidade alegre e ruidosa no entretenimento próprio da pintura, e quando depunha os seus pincéis, o tento e a palheta, era para se entregar ao estudo da história e da geografia, que faziam os seus encantos, e sobre o que escreveu algumas investigações, que talvez ainda se conservem sob a poeira dos anos, ou tenha, o que é mais certo, levado o descaminho, que tem tido tanta riqueza literária, graças ao nosso descuido e incúria, e o nenhum a preço das nossas cousas.
Breve correu-lhe a vida passada tão suavemente, no meio de tão desvelada educação, em que tanto se esmeraram seus pais, recreando-se, tanto ela como eles, naquele cultivo doce e sossegado das letras e das artes à semelhança dum faceiro e travesso regato, que brinca, que saltita, que serpeja, espreguiçando-se por entre areias e seixinhos, beijando relvas e flores; mas veio o ano de 1718, e morte com a sua mão mirrada ceifou tanta flor, que começava a desabrochar, tanta esperança que ia realizar-se, como se tudo fora um sonho, despenhando-a no fundo do sepulcro apenas na florescente idade de 22 anos.
Qual flor, que da manhã aos raios murcha
Apenas desabrocha,
Assim ela morreu, tão jovem inda:
Anjo do céu descido, aos Céus se volve!...
A literatura, as artes, as ciências, como a igreja, também contam seus mártires inocentes; belos talentos, ovações efêmeras, que se farão em flor; meteoros brilhantes, que cintilam e se apagam rapidamente no meio das trevas de longa noite, quando pareciam dourados e brilhantes astros, que muito tinham que girar em suas órbitas, alagando o espaço com seus raios, inundando tudo de sua luz!
Sobre os degraus do templo da imortalidade brasileira, descansam F. Bernardino Ribeiro, com suas produções literárias, Dutra e Melo, com as suas Inspirações poéticas, Azevedo com a sua Lira dos vinte anos, Junqueira Freire, com as suas Inspirações do claustro; e Casimiro de Abre com as suas Primaveras; e, lá mais longe, junto ao luminar, está a virgem de Olinda, irmã mais velha, que os precedera a quase século e meio, e de quem a pátria possui apenas o nome.
Mas nem por isso deixemos de lhe consagrar algumas páginas entre as brasileiras; se mencionamos os nome daquelas, que se imortalizaram por seus feitos de armas, ou por suas virtudes, e do que só resta a memória, não é muito também que lembremos a vocação da jovem artista dona Rita Joana de Sousa, e a tradição de suas obras, derramando algumas flores sobre o seu busto, como uma homenagem ao talento artístico das senhoras brasileiras.
O Rio de Janeiro, como Pernambuco, se ufana de ter sido a pátria, ainda nos tempos coloniais, de uma célebre poetisa; — dona Ângela do Amaral Rangel.
Ela nasceu nas primeiras décadas do século XVIII. Descendente de uma família ilustre pelos serviços prestados ao país, teve por berço a risonha cidade, que Estácio de Sá regará com seu sangue e que seus descendentes acabaram de resgatar às armas triunfantes de Duguay-Trouin.1
Sorria-lhe a terra natal com todos os seus encantos; a seus pés espraiava-se-lhe a mais magnífica das baías, com ondas aniladas, com ilhas verdes e floridas, e cingida de montanhas escamadas de verdura ou de serras arrepiadas de penedos; sobre sua cabeça brilhava-lhe o mais esplêndido do céu azul, sem nódoa, cheio de constelações deslumbrantes; cercavam-na os bosques engrinaldados de flores e frutas; afagavam-na as brisas perfumosas da tarde e da manhã, mas o destino enlutara-lhe o berço roubando-lhe as galas e os brincos da infância para velá-la com os horrores das sombras do limbo! Ai, uma noite sem aurora, longa, sem fim, devia ser a sua vida, como si para ela a Terra se escondesse eternamente aos raios vivificadores do astro do universo!
Cega, inteiramente cega, ela não teve para seus pais um olhar expressivo de amor infantil. Eles afagavam-na, sorriam-se para ela, e a mísera e mesquinha sentia unicamente os seus afagos e não via os risos paternais! A natureza porém, ainda que às vezes pareça madrasta, não deixa de ser meiga, carinhosa e verdadeira mãe; tem pois, também, suas compensações para a humanidade; a todos não liberaliza os seus dons e mimos, as suas graças e favores, mas mitiga de alguma forma as suas faltas e, muitas vezes, ampla e satisfatoriamente.
A desditosa menina, aquele anjo de inocência, obteve na luz do entendimento a compensação da luz dos olhos que se lhe apagara ao nascer. O estro abrasou-lhe o cérebro, iluminou-lhe a razão. Tinha de sobre os olhos uma venda caliginosa, uma catarata talvez congenital que hoje facilmente cedesse às mãos destras dos Celsos, Potts, Richters, Heisters, Daviels, Lafayes, J. L. Petits, Wenzels, Dupuytrens, Scarpas, Sansons, Roux, Carron Duvillards e outros, e essa venda lhe apresentava a noite perene, sem fim, eterna! Mas que prodígio! O seu gênio belo e brilhante abrindo luminosas asas voava, transpunha a caligem e vinha no espaço imenso, nesse infinito de tantas maravilhas, brincar e folgar {ao reflexo ameno e puro de um novo sol; vinha extasiar-se ante a pompa da natureza risonha e mágica de seu incomparável país. Sua imaginação fantástica e portentosa lhe mostrava montes e serras, viridantes ou aniladas; campos extensos; um oceano cinzento; lagos cristalinos; ilhas com palmeiras agitadas pela viração, como se flutuassem sobre as ondas azuis de dourado mar, e por abóbada de tanta magnificência céu azul, céu sem nódoa, céu brilhante, majestoso. Artista, ela, desenhava para si essas flores, que a enleavam com a sua fragrância; coloria com as tintas do íris esses pássaros que lhe diziam as suas endeixas; esmaltava de esmeraldas, de rubis e diamantes esses insetos que lhe zumbiam em torno, e ornava com as pétalas da passiflora, da clícia, das bromélias, essas borboletas que, à semelhança de flores aéreas, lhe adejavam sobre os olhos {mortos, eclipsados, sem luz! Poetisa, ela misturava suas canções ora alegres, ora maviosas aos cânticos dúlios e melodiosos do coro dos serafins que a circundavam, e no seio de uma noite lutuosa achava luz para seus dias e encanto para sua vida, que convertia numa harmonia contínua.
Era então quando aproveitava-se do arroubo de seu gênio e entregava-se a seus delírios brilhantes, às suas inspirações harmoniosas, e os versos deslizavam-se-lhes dos lábios como as águas de um ribeirinho que serpejam por entre relvas e musgos, fáceis, sonoros, simples e agradáveis. Os pais a escutavam e escondiam no meio de seus aplausos de admiração uma lágrima que lhes descia pelas rugas das faces e lhes traduzia a satisfação da alma contrabalançada pelo pesar de tão grande infelicidade.
Vivia D. Ângela do Amaral nos tempos coloniais, mas a capital da colônia brasileiras tinha suas aspirações à glória literária; escrava sonhava com o fausto de sultana. As suas ordens religiosas floresciam à sombra dos claustros com seus poetas, cuja fama redundava toda em beneficio de suas religiões, e com suas bibliotecas francas à mocidade ávida de sapiência; assim enorgulhava-se a cidade fluviana, como então se dizia,2de possuir a musa jesuíta, a musa beneditina, a musa seráfica e a musa carmelitana que primavam não só na língua portuguesa, como na língua dos bardos das florestas,3 e ainda nas estranhas como a espanhola, e ainda nas mortas como na latina. Ufana de sua coroa poética, possuía a sua Castália no Carioca e nas suas cascatas espumosas e sonoras, bebia largamente suas inspirações. Os seus magistrados proclamavam-se cultores das letras, e o seu governador, o digno e ilustrado Gomes Freire de Andrada, depois conde de Bobadela, as amparava de alguma sorte com a sua valiosa proteção.
Assim tornava-se D. Ângela do Amaral condigna da admiração de todos os seus ilustres contemporâneos. E quando a Academia dos Seletos4 reuniu-se em palácio sob a presidência do erudito padre-mestre Francisco de Faria, para celebrar as virtudes de Gomes Freire de Andrada, a jovem improvisadora, a musa sem olhos veio também com as produções de seu espírito pagar preito e homenagem ao grande general.5 E, coisa admirável, dentre tantas composições entorpecidas pela calculada afetação de estilo, repletas calculadamente de antíteses, de conceitos e de trocadilhos, primou a poetisa fluminense com os seus versos fáceis e fluentes, belos e simples e nos quais a sua linguagem nada tem de estudada, como quem só tinha por si a inspiração sublime e pura da natureza:6
Ilustre general, vossa excelência
Foi por tantas virtudes merecida,
Que, sendo já de todos conhecida,
Muito poucos lhe fazem competência:
Se tudo obrais por alta inteligência,
De Deus a graça tendes adquirida,
Do monarca um afeto sem medida,
E do povo uma humilde obediência.
No católico zelo e na lealdade
Tendes vossa esperança bem fundada;
Que, na presente, na futura idade,
Há de ser a virtude premiada:
Na Terra com feliz serenidade,
E no Céu com a glória eternizada.
Já retumba o clarim que a fama encerra
Na vaga região seu doce acento,
De Gomes publicando o alto alento
Por não caber no âmbito da Terra.
Declara, que se está na dura guerra
Tudo acaba tão rápido e violento
Que o mais forte esquadram em um momento
Seus alentos vitais ali subterra.
Vosso nome será sempre exaltado,
Que se voas nas asas da ventura
Vosso valor o tem assegurado;
Porque nos diz a fama clara e pura
Que outro herói como vós não tem achado
Debaixo da celeste arquitetura.
São as provas reais os seguintes sonetos, que figuram nas páginas dos Júbilos da América.7
Os versos que de improviso lhe vinham da mente aos lábios e que encantavam as pessoas que mudas e silenciosas a contemplavam, já cheias de assombro, já pungidas de compaixão,8 não eram sempre feitos na língua harmoniosa que falamos; lutava e vencia a dificuldade de estranhos idiomas, e com a mesma facilidade com que improvisava na língua de Camões, recitava as suas poesias na língua de Calderón de la Barca, de Lope de Vega e de Cervantes, como demonstram as suas composições.
Foi D. Ângela do Amaral senhora instruída tanto quanto lhe permitiam as circunstâncias peculiares de seu tempo e do nosso país, e ainda mais as próprias circunstâncias excepcionais. Bela e afável reuniu as graças da poesia às virtudes cristãs com que seus pais lhe embalaram o berço, e foram o itinerário de sua vida.
Teve o caminho de sua existência inundado de trevas e juncado de espinhos, mas seu gênio mudou-lhe as trevas em luz, e transformou-lhe os espinhos em flores e apontou-lhe a aurora da posteridade!
À sombra das grandes árvores crescem as tímidas violetas, perfumando os ares com os eflúvios que se destacam de suas florinhas, são elas o símbolo da verdadeira modéstia, assim, depois do nome do nobre marquês de Maricá, vem a lembrança o nome de dona Grácia Hermelinda da Cunha Matos, a quem as senhoras brasileiras são devedoras de um livro de sentenças.
O general Raimundo José da Cunha Matos, seu ilustre pai, desvelara-se na sua educação; abrilhantou-lhe o espírito com a luz da instrução, e os seus desvelos e os seus cuidados foram recompensados da parte de sua filha pelas suas aplicações dadas à árdua, mas bela tarefa da inteligência; e bem depressa colheu ele o fruto dos seus esforços, e achou na filosofinha, como a chamavam, um auxiliar dedicado, que assaz prestou-se aos seus estudos favoritos; foi ela a sua secretária, e tomou não pequena parte na colaboração das suas eruditas memórias.
Nas suas Sentenças mostra-se dona Grácia Hermelinda digna discípula do Marquês de Maricá; não tinha, como ele, um teatro tão vasto, nem aquela cabeça, que pensava sempre, como dizia o Sr. Magalhães, nem mesmo a instrução e erudição do La Rochefoucauld brasileiro; mas ainda assim o seu gênio contemplativo estudava no seu pequeno círculo, e a experiência, ainda em tão verdes anos, lhe ditava máximas e reflexões que mereceram os louvores do grande moralista, que a sobreviveu por muito tempo.
Por demais modesta, pois não escrevia nem por vaidade, nem por ostentação, como o disse publicamente, envolveu as suas sentenças com máximas, reflexões e pensamentos de abalizados escritores, todavia não foi sempre feliz na sua escolha mas outro era o seu fim.9
“A Bíblia Sagrada”, diz ela, “epílogo da divina sabedoria; o Sader e o Zenda Avesta de Zoroastro; os Purañas, os Vedas e os Chastros dos índios; os Kings dos chins; os livros santos dos egípcios e do Tibete; os poemas e as histórias dos fenícios, dos gregos, dos romanos, dos scaldas, dos druidas, e até o monstruoso Corão acham-se cheios de apotegmas ou sentenças e máximas, filhas da experiência de muitos séculos e da meditação de inumeráveis homens circunspetos.
“Cada uma das sentenças, que aqui apresento, pode aplicar-se tanto aos grandes como aos triviais negócios da sociedade, e por isso convém lembrai-vos de tempos como conselhos de bons mestres. Queira Deus que outras meninas brasileiras mostrem ao público o fruto dos seus estudos para darem princípio a uma palestra literária, que aproveitando e instruindo as pessoas do nosso sexo, dê mais realce aos salões freqüentados pela mais escolhida e virtuosa sociedade.”
Dentre as suas sentenças originais10 citarei as seguintes, como dignas de serem lidas e apreciadas pelas senhoras brasileiras:
Os prejuízos adquiridos na infância raras vezes se perdem.
Conduz os teus filhos pela estrada da virtude em os primeiros passos da vida, na certeza de que eles não se afastarão totalmente dela, ou que a buscarão na adversidade.
A mãe de família que entrega a educação de suas filhas a cuidados estranhos, não merece o título glorioso de mãe, e eu lhe dou, ainda com dificuldade o de madrasta.
Se um estatuário exulta com prazer vendo concluída e prefeita a estátua de um herói ou de uma beldade, em cujo trabalho havia empenhado o seu talento, tempo e cuidados, qual não deve ser o brilhante triunfo de uma mãe, vendo completa a difícil obra da educação de sua filha? Ah! Este prazer é o mais puro que uma mãe pode gozar, é o mais lisonjeiro possível para uma mãe, é finalmente o prêmio de sacrifícios penosos e de vigilantes cuidados. Se todas as mulheres estivessem persuadidas destas verdades, a sociedade seria mais feliz.
As mães devem ser as melhores mestras de suas filhas, dando-lhes exemplos de virtude e educando-as debaixo de seus olhos, evitando a leitura de obras imorais, histórias de feiticeiras, duendes, encantamentos e obras de outro mundo; explicando-lhes o sentido de contos fabulosos e das novelas recreativas, que debaixo de nomes supostos e aventuras impraticáveis, muito concorrem para a civilização da mocidade.
O colar mais precioso, com que se orna uma mãe, são os braços do seu filho.
Nas desavenças domésticas não figures de juiz, para não saíres intrigante.
As discórdias de famílias quase sempre se curam de portas adentro com o bálsamo do amor dos filhos, objetos tenros aos olhos dos pais.
A primeira disputa que surge entre os casados é o pomo da discórdia, que lhes promete campo aberto à guerras contínuas.
A devoção é o anjo consolador das almas piedosas. O horizonte mais extenso é o da esperança.
A esperança é necessária ao coração com o sol à existência das flores.
O homem, que perde a esperança, tocou o grão máximo do infortúnio.
A vida é um ponto entre duas eternidades.
Não confundas o hipócrita com o homem de coração, nem pretextes o receio de ser enganado para fechar os ouvidos à voz da humanidade e da religião, porque nesse caso serás tu o hipócrita.
Há certos homens que se gabam de irreligiosos, julgando que serão olhados como filósofos, porém nunca conseguem mais do que a compaixão das pessoas discretas.
A religião é tão necessária aos estados, como a harmonia aos corpos celestes.
O homem sem religião pode não ser temível no meio da prosperidade; mas fogem dele quando a desgraça lhe bater à porta.
As nossas aprovações e reprovações políticas nem por isso mostram convicção interior; os homens do grande mundo têm uma consciência política e outra religiosa; há casos em que, postas ambas na balança, pesa mais a última do que a primeira.
A riqueza dos homens serve de termômetro aos falsos amigos: pelo peso do dinheiro, determina-se a quantidade de consideração que se deve prestar nas sociedades.
Os homens, que nos fatigam com a relação de seus livros comerciais, são quase sempre os que ganham menos e devem mais.
Os homens zombam da ignorância das mulheres, sem se lembrarem de que as educam como as escravas, que só necessitam saber obedecer.
Há muitos homens que perdoam com mais dificuldade as mulheres o talento do que os vícios.
As mulheres devem enfeitar-se com virtudes e ciência, com asseio e decência.
A bisonhice de uma mulher é tão má como a sua desenvoltura.
Uma mulher virtuosa, elegante e instruída é o mais completo ornamento da sociedade.
As mulheres de espírito nunca envelhecem.
A sorte das mulheres depende muitas vezes da educação moral que se lhes dá, ou da instrução científica que adquirem.
O toucador de uma senhora é tão necessário como os livros; estes ornam a alma, e aquele enfeita o corpo.
Se uma senhora instruída não unir as graças artificiais às do espírito; se for um prodígio de ciência e um disparate em vestuário, presidirá a pequeno auditório como as sibilas quando proferiam oráculos no fundo das mais tenebrosas cavernas.
O uso dos vestidos decentes não ofende a Deus nem ao mundo; mas os nossos vestidos devem ser tais, que se não façam objetos de desgostos, nem de risadas.
A mais poderosa influência, que se tem conhecido nos negócios públicos, é a das mulheres.
Há pessoas que afirmam não ser tão forte a influência das mulheres nos governos constitucionais; a experiência mostra o contrário, e sirvam de exemplo uma Roland, uma Beauharnais, uma Stael, uma Récamier e muitas outras que tiveram tanto poder como as Estrées, as Maintenons, as Montespans, as Longuevilles, as Ursins, etc., todas elas instruídas e respeitadas pelas pessoas das mais altas sociedades, já pelas suas virtudes, já pelos seus vastíssimos talentos.
A moda no vestuário, nas mobílias e em outras cousas semelhantes acrescentam o luxo, desenvolvem a indústria e a civilização; mas estas vantagens pagam-se às vezes bem caras; muitas famílias arruínam-se completamente, esquecendo-se da indispensável economia correm após da inconstante moda e não duvidam sacrificar os seus próprios bens, e ainda o futuro de seus próprios filhos.
Não há cousa mais difícil do que conhecer a opinião pública, pois que todos os partidos anunciam a sua como tal.
Muitos homens ganham a opinião pública praticando o mesmo que a faz perder aos outros.
O governo que abandonar a lei e esquecer a justiça, para correr após a opinião pública, atravessará uma eternidade sem encontrar o ponto que busca.
Um bom preceptor de rei é metal de preço sublimado: é a ele que as nações devem abençoar ou maldizer, porque são os que formam os corações de seus pupilos.
A humildade é uma das primeiras virtudes, quando emana do coração; mas há homens que afetando humildade com aqueles de quem dependem, esperam o momento de alcançarem o que desejam para se erguerem orgulhosos, como a víbora, que se oculta entre as flores, para tornar mais certo o seu golpe.
Aqueles que nos dizem que os homens devem ser iguais, falam dos outros e não de si; a igualdade desses políticos se limita às pessoas que lhe são superiores, e nunca às que ficam meia polegada abaixo da sua situação.
O valido raras vezes se retira com sentimentos dos homens de bem; muito poucos são os que no teatro de sua glória lembram que são pó, e que para o pó hão de tornar.
Não há honras que possam pagar ao soldado as fadigas da guerra.
O homem taciturno infunde melancolia nas pessoas da sua sociedade.
Raras vezes o homem ocioso deixa de ser vicioso.
Pouco sobreviveu a ilustre brasileira à publicação das suas Sentenças. Um ano, depois, a filosofinha expirava nos braços de seu inconsolável pai.
Ah! O sopro da morte desfolhou a ventura paternal.
“Este homem herói”, como diz um dos seus biógrafos, “este homem herói, que nunca sofrera na sua robusta compleição e influência de climas inóspitos; este bravo militar, que nunca empalidecera diante dos perigos da guerra, nem se atemorizara quando a morte esvoaçava em torno da sua cabeça; este homem, em suma, que parecia superior às vicissitudes da vida, ficou abatido e prostado diante da tumba de uma jovem filha, a quem, ainda na flor dos anos, o arcanjo da morte cobrira com suas asas fatais. Aquela filha, que era a parte mais querida da sua alma, o bordão de sua velhice, a sua secretária íntima, o reflexo do seu espírito, deixou esse pai inconsolável, até que uma doença consumidora o riscou do livro da vida e o tombou nos fastos da morte.”
A sua morte foi geralmente sentida não só pelas pessoas, que a conheciam de perto, como ainda pelas pessoas que apenas ouviam falar dela com elogio, que a amavam pelas suas belas qualidades e virtudes e que a distinguiam pelos talentos e conhecimentos.
A vacina, cuja descoberta e propagação imortalizaram o gênio de Eduardo Jenner, era apenas conhecida e avaliada na Europa, e só muitos anos depois é que foi introduzida no Brasil; no entretanto a enfermidade, comumente designada pelo nome de bexigas, ostentava-se nas plagas brasileiras com todo o seu cortejo de horrores. Povoações inteiras caíram vítimas desse mal hediondo, de que, ainda em mal, serviram-se os conquistadores portugueses para levar a devastação e a morte ao seio das aldeias dos míseros selvagens.
Em 1792 declarou-se a terrível epidemia na província do Rio Grande do Sul; as povoações desapareciam dizimadas pela morte, e o terror lavrava por toda parte; muitas família desamparavam seu lar, e quando pensavam que se isentavam a tão funesta influência, iam contaminadas do mal propagá-lo nos lugares ainda não infeccionados. Na fazenda ou estância do Pontal de São José do Norte, o capitão-mor Joaquim Francisco da Cunha Sá e Meneses e sua mulher dona Maria de Paula e Cunha, velavam noite e dia junto ao berço de uma filha, que apenas contava 20 meses. Com os corações dilacerados, vendo as cenas de dor e de desolação, que se passavam em todas as habitações vizinhas, pediam de joelhos e de mãos postas a Deus que preservasse da morte a sua inocente filhinha. Poupou-lhes a morte aquela existência, mas a terrível enfermidade não retirou a sua mão sem deixar o cunho de sua passagem sobre as faces da inocente menina, privando-a da vista e deixando-a mergulhada nas sombras da eterna noite!
A mísera e mesquinha tateando as trevas na maior força da luz do dia, estendia os bracinhos para seus pais e vinha lhes pedir que guiassem os seus primeiros passos.
A alegria da infância com todos os seus risos e folguedos, com todos os seus brincos e inocentes desvarios, se lhe havia convertido na pesada tristeza da velhice com todas as suas dores e achaques. Oferece porém a natureza humana entre os seus contrastes também suas compensações, e com o correr dos anos a perda da vista lhe foi compensada de alguma sorte com a luz da inspiração poética, com o talento e a facilidade de improvisar, como ela mesma o diz:
.............................Eu vivo, pois não sinto
Tão vivas impressões dentro em minh’alma?
E na mente não tenho essa centelha,
Esse fogo divino, que me aquece?
Dentro em meu coração não sinto sempre
Esse foco de amor, que ao Céu me eleva?
Não envio a meu Deus os puros hinos,
Que por um mesmo impulso se originam?
E pois essa menina tornou-se depois poetisa, e veio a ser conhecida sob o nome de Delfina Benigna da Cunha.11
Ela nasceu em 17 de junho de 1791, e uma de suas primeiras composições foi o seguinte soneto, em que chorou a desgraça com que ainda nas faixas infantis a ferira a enfermidade, e que é digno de ser lido pela melancolia que reina em seus harmoniosos versos:
Vinte vezes a Lua prateada
Inteiro rosto seu mostrado havia,
Quando terrível mal, que já sofria.
Me tornou para sempre desgraçada.
De ver o céu e o sol sendo privada,
Cresceu a par de mim a mágoa ímpia;
Desde então a mortal melancolia
Se viu em meu semblante debuxada!
Sensível coração deu-me a natura,
E a fortuna, cruel sempre comigo,
Me negou toda o sorte de ventura.
Nem sequer um prazer breve consigo;
Só para terminar minha amargura
Me aguarda o triste, sepulcral jazigo!
Esse refrigério porém, que deu a natureza com a inspiração e talento poético, era como que um prazer doce e amargo, pois ao passo que lhe suavizava as mágoas, lhe trazia novos pesares. A sua imaginação ardente e fantástica sentia, julgava e exagerava todo o peso da calamidade, que lhe sobreviera na aurora da existência. No meio de seus vôos abatiam-se-lhe as asas, e o espírito assaltado pela idéia de sua desgraça, caía como que no mais profundo abatimento, à semelhança da ave, que fendendo os ares, tomba ferida pela seta despedida pelo índio caçador. Como inspirar-se das cenas maravilhosas, privada da vista? Como encarar os céus dos trópicos em toda a sua pompa e em toda a sua majestade, abrilhantados pelas suas constelações, sem a necessária Lua para vê-los? Como gozar dessas florestas, império da primavera, com sua cúpula de ramagens e grinaldas, quando apenas lhe era dado palpar a robustez de seus frutos? Como percorrer suas campinas, recamadas de verdura, retalhadas pelos rios, que aí estão rolando as águas sobre areias de ouro e diamantes, ou vingar as suas serranias arrepiadas de rochedos, coroadas de bosques floridos, não tendo por guia senão o bastão de Homero? Como admirar suas cascatas, que se despenham, que se quebram, que espumam de peneida em penedia até se perderem em seus fundos vales, quando mal lhe era dado ouvir o sussurro de suas águas? Era como o cantor da primavera, que a invoca, que a chama, que lhe dedica seus hinos, porém que, sem esperança de vê-la, termina sempre pelo grito doloroso da alma, que se debate no meio das trevas, em que a retém a matéria, privada da luz:12
Mas que posso eu fazer? Fraca, nas trevas,
Sem gozar esse dom, que é quase a vida?
Sim, a vida o que é? É força, é gozo,
É a luz, que ilumina o espaço imenso...
Quem não goza a brilhante primavera,
Aquele, a quem diante dos seus olhos
Todas as flores tem a cor da noite,
Para quem tintos são todos os frutos
Nessa cor tenebrosa, que me cerca,
Que não distingue as cores dessas aves,
Que os ares cruzam, que nos mares pousam;
Que as estrelas não vê, que não avista
Do sempiterno esse cortejo imenso,
Milhões de mundos, que no espaço habitam;
Oh! Quem isso não vê, nada avalia;
Tem só da vida a parte que não presta...
Possuía porém em si mesma o assunto para suas elegias; achava na angústia de sua alma uma corda afinada pelas cordas de sua lira, e a melancolia, abraçada com a cruz que lhe oferecia o anjo da resignação, lhe inspirava poesias, que lhe lucravam a geral simpatia e despertavam a compaixão dos corações generosos, e novos infortúnios e novas calamidades vinham por seu turno arrancar-lhe novos gemidos, que ela traduzia nessa linguagem divina, que Deus pusera em seus lábios:
Hoje, qual uma tábua no oceano,
Abandonada ao ímpeto das ondas
E perdida pra todos — tal me vejo!
Toda careço, porque a luz é tudo;
Dá-me a luz...dá-me a luz; em vão vos peço.
Pois bem, o braço ao menos, e segura
Meus passos levarei à sepultura.
Após a enfermidade, que com seus dedos mirrados lhe abotoara para sempre as pálpebras, veio a morte roubar-lhe a porção mais cara de alma; e seu pai desceu à sepultura em 1826; essa calamidade repetiu-se em 1833; sua mãe, tão virtuosa, tão meiga e sensível, esse anjo de bondade, — que a afagava sob as asas, — que se esmerava em sua educação, — que a consolava em sua desgraça, — que lhe adoçava o cálice de absinto e que lhe emprestava a luz de seus olhos para guiá-la pelo escabroso do caminho da virtude, pagou também o tributo à natureza. Pungida pela saudade motivada por tão sentidas catástrofes exalou tanta dor em contínuas endeixas repassadas da mais doce melancolia:
Os olhos de meu pai, da mãe terníssima
Perspicazes velavam meu destino:
E assim meus débeis passos se afoitavam...
Seus desvelos, carícias, seus cuidados
Da minha idéia desviavam sempre
A extensão dessa perda, que eu sofria,
Cheguei a ser feliz, amar a vida...
Porém desse meu ser mesquinho e fraco
Os esteios caíram finalmente,
Horrível mão da morte arrebatou-nos
Foi, perdendo-os, que eu vi, que nada via...
E assim, duas vezes de meus olhos
Vi sumir-se essa luz maravilhosa,
Essa luz, que procuro, e que não acho...
Já então se havia tornado improvisadora, como a famosa alemã Ana Luísa Karschim e atraía a atenção de seus compatriotas; bem depressa a imprensa divulgou-lhe as poesias, popularizou-lhe o nome. Naquele soneto que começa:
Quem te fala, senhor, quem te saúda
Não vê raiar de Febo a luz brilhante,
dirigiu-se a Dom Pedro I, que no meio da preocupação da fundação do império, não se esquecia de seus poetas e mostrou desejos de conhecê-la, Dona Delfina da Cunha deixando as terras do pátrio ninho atravessou os mares e veio submeter-se à proteção do herói do Ipiranga e
Beijar a divinal mão dadivosa,
Que a vida lhe tornou menos pesada,
e alcançou da munificência imperial uma pensão pelos serviços que prestara seu pai na carreira das armas. Voltou depois a sua província, publicou as poesias oferecida às suas patrícias servindo de prólogo à modesta coleção o soneto:
Em versos não cadentes, ó leitores,
Vereis os males meus, vereis meus danos;
Da primavera as galas e os verdores
Não foram para os meus primeiros anos.
Mesmo na infância, experimentei rigores
De meus fados cruéis sempre inumanos,
Que só me destinaram dissabores,
Meus males revolvendo em seus arcanos.
Sem auxílio da luz, que o sol envia,
Versos dignos de vós tecer não posso;
Desculpe minha ousada fantasia.
Com estes cantos meus, mortais, adoço
A mágoa, que meu estro se resfria;
Se mérito lhe dais é todo vosso.
A guerra civil — que armou, pelo espaço de nove anos, as destras fratricidas com as espadas das dissensões políticas; — que alastrou de ruínas os campos rio-grandenses: — que derramou inutilmente o sangue brasileiro, a obrigou a procurar de novo um asilo na cidade do Rio de Janeiro. Veio sentar-se junto do lar dos fluminenses, lembrada do bom acolhimento que lhe haviam dado. Não achou, porém, a tranqüilidade que buscava, e empreendeu ainda muitas viagens a sua província e à da Bahia. Aqui reimprimiu por duas vezes sua produções poéticas, contendo bonitas composições, — em que celebra a triunfo da independência nacional, — em que canta os favores que recebera de D. Pedro I, — em que celebra a maioridade de seu augusto filho — e em que retribui os encômios que lhe teceram os poetas seus contemporâneos, entre os quais é para notar-se o cônego Januário da Cunha Barbosa e o doutor José de Araújo, e ainda algumas poetisas como dona Maria Josefa da Fontoura Pinto, e dona Beatriz Francisca de Assis Brandão.
Mesclam-se a essas poesias os suspiros da alma martirizada pela saudade filial, e a desgraça proveniente de enfermidades infantis.
Os brasileiros, sempre generosos, nunca surdos à voz do infortúnio, lhe estenderam a mão benfazeja, lhe suavizaram os últimos anos tão cheios de dissabores. Já então a névoa que lhe deixara a fatal enfermidade lhe dissipava, e começava a distinguir o dia da noite, mas era a aurora da eternidade!... O anjo adiantou-se e lhe apagou a última centelha de vida, rasgando a túnica corpórea que lhe envolvia a alma. Triunfante, livre das trevas, ela volveu à luz da imortalidade ao seio de Deus!
Assim terminou a existência no ano de 1857. Foi-lhe o último suspiro o remate de uma longa série de desgostos; e o derradeiro sorriso que lhe ficara estampado nos lábios com uma expressão angélica; ler-se-ia nele o hino de sua alma desprendendo-se da Terra e remontando à sua origem divina.
Amortalhada com o véu nupcial, engrinaldada com as flores da virgindade, deitaram-na em seu tálamo de cetim e ouro, conduziram-na à sua última morada...
Então a poesia entoou não um epitalâmio, mas uma elegia!1 Assim asseveram o conselheiro Baltasar da Silva Lisboa nas suas Notícias biográficas dos brasileiros Ilustres por seus talentos e letras, manuscrito do Instituto Histórico, e seu irmão José da Silva Lisboa, visconde de Cairu, na sua obra Constituição moral ou deveres do cidadão.
2 Um dos membros da Academia dos Seletos, o doutor Manuel da Cunha de Andrade e Sousa, assim o dá a saber quando fala do “coro das musas fluvianas”. Júbilos da América.
3 Os jesuítas foram grandes cultores e mestres da língua geral dos índios e nela compuseram muitas poesias, além dos catecismos próprios para a instrução religiosa dos selvagens. O padre-mestre presidente da Academia dos Seletos firmava as suas composições assinando-se Anhé pai Abaré. Júbilos da América.
4 O secretário da Academia dos Seletos, o doutor Manuel Tavares de Siqueira e Sá, a quem coube a leitura das peças que se apresentaram, disse assim na sua prefação:
Permiti que recite hoje entoado
Os poemas, com alma tão valente,
Que pareceram manar com gentil troca
Do Aganipe os cristais, da Carioca.
Acerca da tradição das águas da Carioca, veja-se o que a respeito escreveram Rocha Pitta, História da América Portuguesa. Jaboatão, Novo Orbe Seraphico, e o senhor Dr. D. J. G. de Magalhães, no seu poema A confederação dos tamoios.
5 O ato acadêmico que teve por fim honrar as virtudes de Gomes Freire de Andrada, segundo as máximas estabelecidas em uma pauta, remetida em circular aos acadêmicos, teve lugar no dia 30 de janeiro de 1752.
6 Para que se julgue do estilo desses acadêmicos basta transcrever o título e a nota de um soneto de seu secretário o doutor Manuel Tavares de Siqueira e Sá: “Elogio eurapélico, crítico, encomiástico, serifaceto, joco-sério, irônico-enfático, metódico-empírico, médico-jurídico, criptológico, antagonístico-erótico, ao eruditíssimo acadêmico-fisico o Dr. Mateus Saraiva, usando nas suas obras de agudos e outras licenças, contra a crusca moderna e nova reforma dp Parnaso. Soneto timiagudo”. Na porta diz ele: “Aludo aos ribombantes, ampuláceos e sesquipedaís títulos com que este cândido acadêmico costuma frontispiciar as suas obras.”
7 Júbilos da América na gloriosa exaltação e promoção do Ilm. E Exm. Sr. Gomes Freire de Andrada. Coleção das obras da Academia dos Seletos, que na cidade do Rio de Janeiro se celebrou em obséquio e aplauso do dito Exm. Herói pelo doutor Manoel Tavares de Siqueira e Sá. — Lisboa, 1 vol. In — 4º, 1754.
8 O editor dos Júbilos da América mostrou-se todavia tão parco de encômios para a{ }nossa poetisa, quanto pródigo em liberalizá-los largamente aos seus amigos, contentando-se com a seguinte nota a seu respeito, que vem no índice daquela coleção: cega à nativitate.
9 No mês de março de 1837, fez D. Grácia Hermelinda inserir no Farol do Império, folha diária desta corte, uma coleção de sentenças dos filósofos antigos e modernos e de adágios triviais, de que se faz uso na sociedade, oferecida às meninas brasileiras.
Animou-se e dar à luz a sua coleção sombra das máximas do ilustre marquês de Maricá,
Qual fraca vide que se arrima a um tronco.
Seixas Brandão.
“As interessantes máximas, pensamentos e reflexões”, disse ela, “há poucos dias publicadas pelo Exm. Sr. Marquês de Maricá, induziram-me a fazer escolha de outras em várias obras de filósofos antigos e modernos, para oferecê-las às senhoras brasileiras, que talvez nelas encontrem doutrina pura de que se possam aproveitar. Não escrevo por vaidade nem por ostentação por não carecer de motivo de uma nem de outra cousa: eu mostro aquilo que é velho, o que se acha escrito há milhares de anos.”
10 A autora da coleção de sentenças fez notar que as Sentenças firmadas com as letras iniciais do seu nome eram originais e lhe pertenciam.
11 A informação sobre esta senhora devo a seu ilustre irmão o Sr. Joaquim Francisco da Cunha Sá e Meneses, alferes reformado do corpo policial da província do Rio{ }de Janeiro, então residente em Niterói; por isso difere esta biografia da que publiquei no Despertador, nº. 803 de 26 de outubro de 1840, sob o titulo: As poetisas brasileiras.
12 Antônio Feliciano de Castilho:
Mas debalde o meu estro te chama,
Os meus olhos jamais te verão!
A primavera