Caminhante que vás tão de corrida

Caminhante que vás tão de corrida,
Pois em nada reparas da jornada,
Repara por tua vida no meu nada,
Que foi toda űa morte a minha vida.

Também do mundo andei muita partida,
Posto que em diligência mal parada,
E por não ser verdade incorporada
Ua mentira sou desvanecida.

Eu tive ocupação sem exercício,
Eu fui mui conhecido sem ter nome,
Eu, ingrato, morri sem benefício.

Exemplo toma em mim, ó pobre homem,
Que se tratares mal, vives de vício,
E se viveres bem, morres de fome.