Canção da Formosura (1893)



Vinho de sol ideal canta e scintilla
Nos teus olhos, scintilla e aos labios désce,
Désce á bocca cheirosa e a empurpurésce,
Scintilla e canta apoz d'entre a pupilla.

Sóbe, cantando, á limpidez tranquilla
Da tu'alma estrellada e resplandésce,
Canta de novo e na doirada mésse
Do teu amor, se perpetúa e trilla...


Canta e te alaga e se derrama e alaga...
N'um rio de ouro, iriante, se propaga
Na tua carne alabastrina e pura.

Scintill e canta, na canção das côres,
Na hamonia dos astros sonhadôres,
A Canção immortal da Formosura !