CARLINDA.
É fado tyranno,
Carlinda mimosa,
O que soffre o meu peito
Por ti que és formosa
E que és meu amôr
Carlinda attende
Teu triste cantor!
Se extremos concedo
Á tua beldade
Vem mão oppressora,
Que sem piedade
Nos enche de dôr;
Carlinda attende
Teu triste cantor!
Se o meu ao teu fado
Intento ligar,
Sorte impiedosa
Nos quer separar
Com duro rigor;
Carlinda attende
Teu triste cantor!
Porém nem o fado,
Nem mão oppressora,
Nos póde roubar
Um bem, qu’é penhora
De Deus — Creador.
Carlinda attende
Teu triste cantor!
Sejamos unidos
Na patria de Deus!
Recebe os meus votos,
Meus votos só teus,
Nascidos de amor,
Que terno te envia
Teu triste cantor!
Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1848.
Notas
editar- ↑ MONTEIRO, José Ferreira (Org.).Lisia poetica. Rio de Janeiro: [s. n.], 1848. v. 3, p. 267.