Carta de Álvares de Azevedo à sua mãe (1851)

«S. Paulo, 6 de julho de 1851.

«Minha mae,

Esta carta é um adeus do filho saudoso á sua mãe. E’ uma flôr destas montanhas, murcha e secca, que o céo desta minha terra não tem orvalhos doces nem o sol raios de oiro para aviventar flôres do coração.

São versos. Não tenho mais nada que dar-llie. Nem tenho tintas aqui para fazer-lhe um desenho no dia de seus annos.

Os versos são tristes, porque eu o sou: tristes como a solidão, solitarios como a palmeira perdida no meio das ondas, que sente arido o rochedo apertar suas raizes e a escuma do oceano desbotar as suas folhas. Por isso escrevi-os na folha que tinha aquelle emblema.

Adeus minha mãe, lance sua benção sobre

Seu filho do coração

Manoel Antonio

Referências editar

  1. MONTEIRO, Domingos Jaci (Org.). Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1862. 2. ed. p. 351 e p. 348.