Sils-Maria, 6 de agosto de 1886
Querido amigo,
Se ao menos eu pudesse lhe dar uma ideia dos meus sentimentos de solidão! Não existe ninguém a quem eu me sinta próximo, tanto entre os vivos quanto entre os mortos. Isto é inimaginavelmente apavorante. Apenas o constante exercício de aprender como tolerar este sentimento, e o desenvolvimento passo-a-passo, desde a infância, da minha capacidade de tolerá-lo – permitem-me compreender como eu ainda não pereci em razão disto. De resto, a tarefa pela qual vivo me desafia claramente: é a realidade de uma tristeza inimaginável, ainda que transformada pela consciência de que há nela grandiosidade – se é que a grandiosidade persiste por algum tempo na tarefa de um mortal. -
Fielmente, seu F.N