Com voz desordenada, sem sentido,
e com olhos de lágrimas cobertos,
soltava o peito em ásperos desertos
entre um vale escuro, empedernido,
Silvano triste, a quem endurecido
têm de uma bela Ninfa os desconcertos,
perdendo a esperança dos incertos
bens em que a Fortuna o há metido;
mas, volto em si um pouco, perguntava
asi por si o pastor; desta tristeza
levanta o coração já desmaiado
e canta, como quem melhor se achava:
«Não desmaies, esprito, na pobreza,
que a fortuna à razão é mau treslado!»